O que realmente está acontecendo no mundo: por que guerras, migrações em massa, crise do Ocidente, avanço da China e pressão global mostram que o Brasil pode virar potência alimentar e energéticaEntenda por que o Brasil pode virar potência em meio à crise do Ocidente, com democracia ocidental pressionada, potência alimentar e energia limpa.

Enquanto o Ocidente se perde em guerras, terrorismo, crise política e medo da migração em massa, o Brasil pode virar potência ao oferecer segurança alimentar, energia limpa e um raro combo de estabilidade e recursos naturais.

Em meio a conflitos na Ucrânia, tensões no Oriente Médio, plebiscitos esquisitos na vizinhança e uma onda conservadora que varre democracias cansadas, muita gente tem a sensação de que o mundo enlouqueceu. Parece tudo desconectado, mas não está. Existem padrões claros por trás dessa desordem aparente, e é justamente nesse cenário que o Brasil pode virar potência se entender o jogo.

Ao longo das últimas décadas, economias de mercado tiraram bilhões de pessoas da miséria, ao mesmo tempo em que pressionaram o conforto do Ocidente, geraram reações políticas e abriram espaço para novos polos de poder. A Ásia subiu, a Europa envelheceu, os Estados Unidos repensam seu papel e o dinheiro global busca segurança alimentar, energia limpa e países amigos. É exatamente aí que o Brasil pode virar potência alimentar e energética se não se autossabotar.

Do pós-guerra à globalização: como o mundo foi redesenhado

Para entender por que o Brasil pode virar potência hoje, é preciso olhar para trás. Depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos reconstruíram seus antigos inimigos com o Plano Marshall. França e Inglaterra receberam recursos e reergueram suas economias. A Alemanha, devastada, adotou reformas liberais com líderes como Ludwig Erhard, abriu a economia, reduziu controles e, em pouco tempo, passou de país destruído à segunda maior potência econômica do mundo.

Logo depois, o Japão seguiu caminho semelhante, com uma agenda de mercado, tecnologia e integração global, tornando-se uma das maiores economias do planeta em menos de duas décadas. Foi uma era de inclusão econômica no capitalismo global, em que as economias de mercado passaram a engolir o mundo e a globalização tirou país após país da miséria.

A Ásia entendeu o jogo, o Ocidente relaxou

Enquanto isso, as vítimas do socialismo como doutrina econômica começaram a mudar de rota. A China de Mao era miserável, faminta, isolada. Aos poucos, integrou-se ao comércio global, recebeu status de nação mais favorecida e entrou nos mercados americanos. O mesmo aconteceu com a Índia e com países do Leste Europeu que deixaram o modelo socialista para trás.

De repente, 1,5 bilhão de chineses e 1,5 bilhão de indianos começaram a sair da miséria e entrar na “piscina” dos mercados globais. Economias como República Tcheca, Polônia e Hungria também passaram a crescer sob o modelo de mercado. Enquanto isso, uma parte do Ocidente tentou virar “Estado social” antes de enriquecer de verdade, com impostos altos, gastos inchados e um setor público pesado demais.

A consequência foi clara: a competição global ficou feroz, a classe média ocidental passou a sentir pressão, muitas indústrias se deslocaram e a democracia ocidental começou a entrar em crise, não o capitalismo. O modelo de mercado continuou funcionando, mas muitos governos responderam com mais Estado, mais impostos e mais fechamento, em vez de mais abertura e eficiência.

Desindustrialização, medo e a onda conservadora

Com produtos industriais mais baratos vindo da Ásia, a pressão cresceu. No sul do Brasil, por exemplo, o Vale dos Sinos viu fábricas de calçados fecharem enquanto os próprios empresários levavam produção para a China para exportar de volta. Lá fora, o discurso se repetia: indústrias fechando, empregos industriais sumindo, salários pressionados.

Aí entra o fator político: quando as pessoas sentem que perderam segurança, emprego e perspectiva, começam a buscar respostas mais duras. Surgem líderes conservadores com discurso contra imigração ilegal, contra criminalidade, contra o “sistema” que parece ter abandonado a classe média. É a reação que leva figuras como Trump, Meloni e Bukele ao centro do debate, cada um com seu estilo, mas sempre respondendo à mesma sensação: “perdemos o controle”.

O que está em crise não é a economia de mercado, e sim a democracia ocidental em seu formato atual. O Ocidente tentou garantir benefícios, aposentadorias e conforto como se fosse eternamente rico, enquanto outros trabalhavam mais, tomavam riscos e abriam suas economias.

Guerras, terrorismo e o barulho dos perdedores

Na outra ponta, quem perdeu influência ou ficou para trás tenta criar confusão. A Rússia, derrotada como União Soviética, viu sua área de influência diminuir. Em vez de ser integrada com generosidade total ao sistema ocidental, acumulou ressentimentos. A expansão de fronteiras militares e alianças sem um redesenho de segurança convincente alimentou o cenário até chegar o momento em que Moscou parte para a agressão aberta.

No Oriente Médio, grupos terroristas adotam uma lógica diferente da guerra tradicional. Como não conseguem mutilar a capacidade militar do inimigo, atacam civis com brutalidade para provocar reação desproporcional, horrorizar a opinião pública e tentar virar a narrativa. É a estratégia de quem perdeu força no jogo clássico e tenta vencer pelo choque psicológico.

Na América Latina, a Venezuela é o exemplo extremo: economia destruída, milhões de pessoas fugindo, plebiscitos oportunistas sobre o petróleo do vizinho. É o retrato do perdedor que, sem saída, tenta gerar turbulência. Tudo isso aumenta a sensação de caos, mas não define o rumo estrutural do mundo.

Nearshoring, friendshoring e a busca por países confiáveis

Em paralelo, há uma reconfiguração silenciosa: cadeias produtivas estão sendo redesenhadas. Depois de depender demais de um único polo, o mundo começa a buscar alternativas. Surgem expressões como nearshoring (trazer produção para mais perto dos mercados consumidores) e friendshoring (produzir em países considerados amigos, não hostis).

Os Estados Unidos olham para o Nafta, para o México, Canadá, para parcerias com Índia e outros países considerados politicamente alinhados. A Europa, envelhecida, com demografia em queda, perde tração. O dinheiro financeiro global migra para novos centros, como os países do Golfo, que oferecem impostos menores e se posicionam como hubs de investimento e transição energética.

Nesse contexto, o Brasil pode virar potência se souber se apresentar como aquilo que já é na prática: um país amigo, de tradição aberta à absorção de culturas, com enorme potencial produtivo e relevância em temas que vão dominar a agenda mundial.

Por que o Brasil pode virar potência alimentar do planeta

A população mundial saltou de cerca de 2 bilhões para 8 bilhões em menos de um século, e pode adicionar mais 2 bilhões em poucas décadas. O que antes levou quase 20 séculos, agora acontece em 25 anos. A pergunta é simples e brutal: o que todo esse povo vai comer?

China e Índia não têm recursos hídricos suficientes para produzir internamente tudo que precisam. A Europa tem limitações de solo, clima e competitividade. Os Estados Unidos têm capacidade, mas também disputam prioridades internas e ambientais. É nesse cenário que o Brasil pode virar potência alimentar, porque reúne solo, água, tecnologia de ponta no agro e uma vantagem competitiva em produtividade que poucos conseguem igualar.

A agroindústria brasileira já se tornou o pesadelo de concorrentes menos eficientes. Quando alguém na Europa levanta o discurso ambiental para tentar limitar produtos brasileiros, é preciso olhar o contexto inteiro: a disputa real é comercial. Muitos simplesmente não conseguem competir com a eficiência do agro brasileiro.

Se não entrar na armadilha da autossabotagem, travando sua própria capacidade com burocracia excessiva, insegurança jurídica e improvisos ideológicos, o Brasil tem tudo para ser o principal fornecedor de proteína e alimentos para um planeta mais populoso, urbano e dependente de cadeias seguras.

Energia limpa, dados e o novo mapa da potência energética

O mesmo raciocínio vale para energia. O Brasil tem uma matriz com cerca de 85 por cento de energia renovável, uma das mais limpas do mundo. A energia é barata na origem e só fica cara por causa dos impostos. Em um momento em que Europa busca escapar de dependências arriscadas e o mundo corre atrás de “green shoring”, isso é ouro estratégico.

Projetos de aço verde, hidrogênio verde, amônia verde, transição energética e descarbonização industrial dependem de uma coisa básica: energia limpa e barata. Países com energia fóssil cara ou sujeita a choques geopolíticos terão dificuldade em sustentar promessas de neutralidade de carbono se não conectarem seus projetos a fontes como o Brasil.

Além disso, o Brasil é um dos maiores mercados digitais do mundo, com altíssima penetração de internet e uso intenso de dispositivos conectados. Os centros de processamento de dados e infraestrutura digital consomem volumes gigantescos de energia. Quem tiver energia limpa, estável e competitiva será natural candidato a hospedar data centers e serviços digitais globais. É mais uma camada em que o Brasil pode virar potência energética e digital ao mesmo tempo.

O risco da autossabotagem e o teste da maturidade política

Se os fundamentos são tão favoráveis, por que o Brasil pode virar potência ainda não virou de forma plena? A resposta está dentro do próprio país. A América Latina tem um histórico de autossabotagem: escolhas políticas que mutilam o potencial produtivo por despreparo, por ideologia ou por guerra tribal permanente.

O caminho da prosperidade é conhecido: abertura responsável, segurança jurídica, menos arbitrariedade do Estado nos negócios, sistema de impostos racional e previsível, foco em produtividade e educação. O mundo está procurando novas fronteiras seguras para investir. O Brasil tem terra, água, energia, mercado e posição geopolítica privilegiada. O que falta é reduzir a chance de tropeçar em brigas internas e modelos econômicos que já fracassaram.

Em resumo, o Brasil pode virar potência alimentar, energética e digital em um mundo fragmentado que busca segurança e parceiros confiáveis. Mas isso não é automático. Depende de o país não repetir os erros do passado, não virar as costas para comércio, nem brincar de hostilidade com quem precisa exatamente do que temos para oferecer.

E você, olhando para esse cenário de guerras, migrações, crise do Ocidente e avanço da China, o que acha que mais pode atrapalhar para que o Brasil pode virar potência e aproveite de verdade essa oportunidade histórica?

Autor

  • Carla Teles

    Produzo conteúdos diários sobre economia, curiosidades, setor automotivo, tecnologia, inovação, construção, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

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