No sertão árido, Vale do São Francisco vira potência ao produzir 32 mil toneladas de manga por ano com irrigação precisa, alta tecnologia, exportação pesadaNo sertão nordestino, o Vale do São Francisco alcança 32 mil toneladas de manga com a produção de manga da Agrodan em padrão mundial.

Em pleno sertão nordestino, o Vale do São Francisco usa alta tecnologia para levar 32 mil toneladas de manga à exportação, com a produção de manga da Agrodan redefinindo o agronegócio regional.

Com irrigação precisa, fazendas altamente tecnificadas e uma logística pensada para exportação pesada, o Vale do São Francisco se consolidou como o maior complexo produtor da fruta no país, respondendo por cerca de 20% da manga brasileira exportada para a Europa e aproximadamente 16% de todas as exportações mundiais. Hoje, as 32 mil toneladas de manga não são apenas um número, mas o símbolo de um sertão que aprendeu a produzir em padrão mundial.

Do sertão seco à liderança em exportação de mangas

Antes de se tornar referência global, o cenário era outro. Quando quase todo mundo só enxergava “terra seca e impossibilidades”, a família Dantas decidiu apostar no impossível. Em 1987, com o termômetro facilmente acima dos 40º, mandacarus e caatinga dominando a paisagem, eles iniciaram um projeto que muitos chamavam de loucura: plantar frutas em pleno sertão.

Os primeiros 400 hectares irrigados nasceram com uva e banana, mas foi a manga que roubou a cena. A fruta tropical encontrou no clima semiárido o ambiente perfeito para desenvolver doçura, textura e qualidade muito acima da média. Em apenas quatro anos, em 1991, as primeiras caixas já estavam sendo exportadas, e a dívida inicial do projeto foi quitada três anos antes do prazo, mostrando que o mercado mundial respondia bem ao padrão de qualidade buscado.

A Agrodan, empresa da família, deu um passo além ao ser pioneira no Brasil na produção da variedade Kent, uma manga sem fibras incômodas, com foco total na experiência do consumidor. Com clima favorável, manejo profissional e decisões certeiras, o negócio se transformou na maior produtora e exportadora de mangas do país. Hoje, esses resultados se materializam nas 32 mil toneladas de manga que saem ano após ano do Vale do São Francisco.

O rio São Francisco como linha de vida do semiárido

Nada disso seria possível sem um protagonista silencioso: o rio São Francisco. Em uma região onde a chuva é escassa, ele é a fonte que torna viável toda a produção. O que poderia ser um grande problema – o baixo índice de chuvas – virou vantagem estratégica. Como quase não chove, o produtor controla a água com precisão cirúrgica, sem depender de variações climáticas.

Toda a irrigação das fazendas é feita por gotejamento. Imagine milhares de pequenos gotejadores distribuídos ao longo dos pomares, liberando exatamente a quantidade de água que cada planta precisa. A água vai direto à base das mangueiras, junto com os nutrientes, num processo de fertirrigação que aumenta a eficiência e reduz desperdícios.

O resultado desse manejo de ponta é um ganho de produtividade de cerca de 15% a 20% após a adoção do sistema. Em outras palavras, é dessa combinação de sol forte, água controlada e técnica apurada que nascem as 32 mil toneladas de manga que fizeram o Vale do São Francisco virar vitrine do agronegócio brasileiro.

13 mil hectares, alta tecnologia e manga “com check-up”

Hoje, somando as oito fazendas espalhadas por Belém do São Francisco em Pernambuco, Jaíba e Curaçá, na Bahia, são mais de 13.000 hectares plantados com mangueiras. Para visualizar, é como cobrir o equivalente a mais de 18.000 campos de futebol com pomares de manga em plena caatinga.

Em 2021, a Agrodan bateu um novo patamar de produção: 32 milhões de quilos de manga colhidos. Depois de sair do campo, cada fruta inicia uma verdadeira jornada tecnológica no packing house, um centro de processamento pensado para atender os padrões mais rígidos do mercado internacional.

Ali, as mangas passam por três etapas de lavagem e um enxágue final, para garantir higiene e qualidade visual. Em seguida entram na parte mais impressionante: uma máquina classificadora equipada com câmeras e sensores que tiram cerca de 40 fotos de cada fruta.

Com esse “raio X” de alta resolução, o sistema consegue separar as mangas por peso, cor e até por defeitos externos, garantindo que só o que está dentro do padrão siga viagem.

É como se cada caixa exportada carregasse não só a tradição do sertão, mas também um selo invisível de tecnologia avançada – o que ajuda a explicar por que essas 32 mil toneladas de manga conquistaram espaço nas prateleiras mais exigentes do mundo.

Impacto social: escola, preservação ambiental e energia limpa

O crescimento do Vale do São Francisco não se mede só em quilos produzidos. Por trás das 32 mil toneladas de manga existem pessoas, comunidades e um impacto social profundo. A Agrodan mantém uma grande equipe trabalhando em todas as etapas do processo, do viveiro de mudas à colheita e ao pós-colheita, sustentando direta e indiretamente centenas de famílias na região.

Em 2017, a empresa inaugurou a escola Professora Olinda Roriz Dantas, um investimento em educação que leva oportunidade para as crianças do entorno das fazendas, criando um ciclo virtuoso: a produção gera renda, a renda financia educação e a educação prepara novas gerações para um semiárido mais próspero.

No campo ambiental, o compromisso também é robusto. São 687 hectares de mata nativa mantidos para conservar a biodiversidade, além de um viveiro com capacidade para produzir até 30.000 mudas de espécies nativas por ano. Só em 2022, mais de 800 hectares foram reflorestados, recuperando áreas e fortalecendo o ecossistema local.

Para completar, em 2022 foi inaugurada uma usina solar para abastecer a fazenda matriz, o packing house e a vila ao redor.

A mesma luz que castiga o sertão abastece hoje parte da energia usada para produzir e processar as mangas, fechando um ciclo em que o semiárido deixa de ser visto como problema e passa a ser solução.

Manga do Vale: superalimento que virou símbolo do Nordeste

Além de motor econômico, a manga que sai do Vale do São Francisco é um superalimento natural. Ela é rica em vitaminas A e C, fundamentais para visão, pele e sistema imunológico, além de trazer fibras, cálcio, zinco, potássio, ferro e magnésio.

A fruta também é aliada do intestino, ajudando a prevenir prisão de ventre, e atua no cérebro graças ao ácido glutâmico, um aminoácido que auxilia na concentração e melhora a memória. Versátil, pode ser consumida ao natural, em sucos, vitaminas, sobremesas ou até em pratos salgados, como é comum em receitas nordestinas com manga verde ou madura.

No fim, a manga do Vale virou símbolo da própria região: um produto que une sabor intenso, nutrição e agricultura de alta tecnologia, comprovando que o semiárido pode ser protagonista em vez de coadjuvante.

O sertão que virou referência mundial em produtividade

Muita gente ainda imagina o sertão nordestino como um lugar quase inóspito para a agricultura, marcado por altas temperaturas e falta de chuva. O que o Vale do São Francisco mostra é exatamente o contrário.

Com planejamento, irrigação bem dimensionada, tecnologia embarcada e gestão profissional, o que um dia foi visto como “fim de linha” se transformou em polo produtivo mundial. As 32 mil toneladas de manga por ano são a prova concreta de que, no agronegócio brasileiro, o impossível muitas vezes é apenas uma questão de perspectiva e determinação.

Se no passado a paisagem era só de seca e mandacarus, hoje ela inclui pomares alinhados, packing houses modernos, usina solar, escola, áreas reflorestadas e contêineres de manga saindo rumo ao mundo.

E você, já provou alguma manga do Vale do São Francisco ou reparou na origem da fruta quando compra no mercado? Se pudesse escolher, provaria primeiro a manga pela história por trás dela ou pelo sabor que sai direto do sertão para a sua mesa?

Autor

  • Carla Teles

    Produzo conteúdos diários sobre economia, curiosidades, setor automotivo, tecnologia, inovação, construção, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

2 thoughts on “No sertão árido, Vale do São Francisco vira potência ao produzir 32 mil toneladas de manga por ano com irrigação precisa, alta tecnologia, exportação pesada e fazendas que transformaram o semiárido em referência mundial”

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