EUA ampliam controle sobre visto e redes sociais de turistas, exigindo dados digitais e levantando debate mundial sobre privacidade e vigilância.EUA ampliam controle sobre visto e redes sociais de turistas, exigindo dados digitais e levantando debate mundial sobre privacidade e vigilância.

Nova proposta dos EUA exige histórico de redes sociais dos últimos cinco anos, selfies recentes e foto do passaporte de viajantes de 42 países isentos de visto, com aplicação via app, ampliando a vigilância digital e reacendendo o debate sobre segurança, privacidade e futuros controles migratórios em países aliados estratégicos.

Os EUA avançaram, em 10 de dezembro de 2025, com uma proposta que pode redesenhar a rotina de entrada de turistas e viajantes de negócios dispensados de visto. A ideia é obrigar visitantes de 42 países isentos a entregar um histórico completo das redes sociais dos últimos cinco anos, além de outros dados pessoais, antes mesmo de embarcar para o país.

O plano foi detalhado nesta quarta-feira (10) pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) e insere as informações digitais como campo obrigatório no processo eletrônico usado por quem hoje pode permanecer até 90 dias nos EUA após uma triagem prévia. A proposta ainda passará por um período de consulta pública de 60 dias, etapa que deve concentrar críticas de defensores de privacidade e de integrantes do setor de turismo internacional.

Novas exigências: redes sociais, selfies e foto do passaporte

Pelo desenho apresentado, o formulário eletrônico de isenção de visto passará a cobrar um dossiê digital bem mais detalhado. Além de listar os nomes de usuário nas redes sociais usadas ao longo de cinco anos, o viajante terá de informar um histórico de atividades online, ampliando o grau de transparência exigido antes de chegar ao território americano.

A Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) também estuda incluir no sistema a submissão de selfies recentes e foto do passaporte, criando um banco visual capaz de cruzar rosto, documento e perfis digitais do visitante. Na prática, os EUA querem construir um quadro mais completo de cada turista antes mesmo de ele se aproximar do balcão de imigração.

Aplicativo móvel pode substituir site tradicional de autorização

Outro ponto sensível é a plataforma usada para solicitar a entrada. O governo dos EUA avalia aposentar o site tradicional de aplicação, concentrando todo o processo em um único aplicativo móvel oficial. Para especialistas em tecnologia, isso reforça a lógica de monitoramento permanente, já que o próprio app pode funcionar como canal de atualização de dados e envio de notificações.

A migração para o app é vista por críticos como mais um passo de centralização do controle digital nas mãos do Estado, principalmente porque o dispositivo acompanha o viajante durante toda a estadia. Para o usuário comum, a mudança pode significar menos opções de acesso e maior dependência de um smartphone atualizado e conectado o tempo todo.

Herança das políticas migratórias de Trump ganha novo capítulo

Desde o início do mandato de Donald Trump, os EUA vêm endurecendo sucessivamente as regras para entrada de estrangeiros. As chamadas “proibições de viagem” a cidadãos de países majoritariamente muçulmanos, a imposição de limites mais rígidos a vistos de estudante e trabalho, o endurecimento das regras de asilo e a separação de famílias na fronteira com o México compõem um histórico de medidas que provocaram protestos e ações judiciais.

A nova ofensiva sobre o histórico digital de turistas isentos de visto é interpretada como continuidade dessa agenda de verificação minuciosa, agora estendida a pessoas que, em teoria, já eram consideradas de baixo risco. Para analistas ouvidos pelo setor de turismo, o recado político é claro: os EUA querem reforçar a imagem de que segurança nacional vem antes da conveniência do viajante internacional.

Quem já fornece dados digitais aos EUA hoje

Atualmente, todos os solicitantes de vistos, imigrantes ou não imigrantes, já precisam informar os nomes de usuário das redes sociais utilizadas nos últimos cinco anos. Essa obrigação vale para quem busca desde vistos de turismo e negócios até categorias de estudo, trabalho e residência, criando um filtro inicial de comportamento online antes da análise de documentos tradicionais.

A novidade é que, desde este ano, estudantes internacionais, profissionais qualificados e participantes de intercâmbios culturais passaram a ser pressionados a tornar públicas suas contas, permitindo um monitoramento ainda mais profundo. Na prática, quem quer estudar ou trabalhar nos EUA já sente o peso da vigilância digital muito antes das novas regras para turistas isentos entrarem em vigor.

Impacto sobre turismo, imagem do país e liberdade de expressão

A ampliação do controle sobre o histórico digital de visitantes dos EUA preocupa universidades, empresas e operadores de turismo. Há o temor de que a percepção de “filtro invasivo” desestimule estudantes de alto desempenho, pesquisadores e profissionais qualificados que hoje veem o país como destino preferencial de carreira e formação acadêmica.

Organizações de direitos civis alertam para o risco de autocensura nas redes sociais, já que postagens políticas, manifestações de opinião ou até conteúdos satíricos podem ser mal interpretados em uma triagem automatizada. Para esses grupos, a linha entre segurança legítima e vigilância desproporcional fica cada vez mais tênue quando o Estado passa a arquivar anos de interação online de turistas comuns.

Segurança, privacidade e o debate sobre os próximos passos

Para defensores da proposta, o endurecimento é resposta direta a ameaças transnacionais e à dificuldade de rastrear suspeitos que se aproveitam de brechas em regimes de isenção de visto. Na visão desse grupo, abrir o passado digital aos EUA seria um preço razoável a pagar pela proteção de fronteiras em um cenário de riscos globais elevados.

Já críticos afirmam que a coleta massiva de dados de pessoas sem qualquer suspeita concreta cria um banco de informações sensíveis sujeito a vazamentos, usos políticos e discriminação algorítmica. Eles lembram que o sistema de isenção de visto foi concebido para agilizar o fluxo de visitantes de países aliados e agora pode se transformar em um laboratório de vigilância digital em larga escala, com efeitos difíceis de reverter.

E você, entregaria anos do seu histórico de redes sociais aos EUA em troca de entrar no país sem visto?

Autor

  • Maria Heloisa

    Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

2 thoughts on “EUA querem histórico de redes sociais dos últimos cinco anos, selfies e foto do passaporte de turistas isentos de visto, ampliam vigilância digital e levantam alerta sobre privacidade”
  1. […] Na mesma ação de fiscalização desta quarta-feira, 10 de dezembro de 2025, a agência também proibiu o suplemento Flock Dent Camomilina, voltado à primeira dentição de bebês, e o Suplemento Milagroso em Cápsulas Jes, que traziam ingredientes não autorizados e promessas terapêuticas sem comprovação científica, r… […]

  2. […] Essas duas realidades convivem nas mesmas ruas, avenidas e grandes centros urbanos dos Estados Unidos, onde condomínios de luxo, carros de altíssimo padrão e consumo ostentado dividem cenário com pessoas dormindo em calçadas, abrigos improvisados e marquises, sem acesso regular a saúde, alimentação adequada, saneamento e higiene. O resultado é um retrato de desigualdade que vai muito além das estatísticas e se traduz em vidas… […]

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