Negócio bilionário na China é cancelado após a Hygon desistir de absorver a Sugon nesta quarta-feira 10.dez.2025; operação de troca de ações, avaliada em R$ 87,8 bilhões, frustrava plano de autossuficiência em tecnologia, já sancionadas pelos Estados Unidos e estratégicas para o setor de chips no disputado mercado interno chinês.
A fabricante chinesa de chips Hygon anunciou nesta quarta-feira, na China, que desistiu de absorver a produtora de computadores e servidores Sugon, em uma operação de troca de ações avaliada em junho de 2025 em US$ 16 bilhões, o equivalente a R$ 87,8 bilhões. O modelo previa que os acionistas da Sugon receberiam ações da Hygon proporcionalmente às fatias entregues da fabricante de servidores.
A empresa afirmou que a decisão foi motivada por “grandes mudanças nas condições de mercado e a complexidade do negócio”, encerrando um acordo que vinha sendo costurado desde maio de 2025. O recuo interrompe a tentativa de consolidar duas das maiores companhias de tecnologia da China em um grupo mais robusto e voltado à autossuficiência em chips.
Hygon fecha a porta para fusão bilionária na China
No desenho original da transação, a Hygon absorveria a Sugon por meio de uma grande troca de ações. A estrutura visava simplificar o controle societário e alinhar as operações de chips, computadores e servidores em um único grupo de tecnologia na China, com escala para enfrentar as restrições internacionais.
Apesar de a conclusão do negócio significar a absorção da Sugon, a companhia de servidores seria a principal beneficiária. Isso porque a Sugon já é a maior acionista da Hygon, com participação de 45 por cento no capital. Com a fusão, a empresa estatal ampliaria sua influência sobre a fabricante de chips, ainda que de forma diluída na nova estrutura acionária.
Pressão dos Estados Unidos e busca de autossuficiência tecnológica
As duas empresas estão incluídas em uma lista do governo dos Estados Unidos que limita o acesso ao mercado norte-americano. Na prática, a pressão dos EUA acelerou a estratégia da China de fortalecer seus campeões nacionais em semicondutores e computação de alto desempenho, reduzindo dependências externas críticas.
A ideia por trás da negociação era combinar a capacidade de produção de chips da Hygon com a atuação da Sugon em computadores e servidores, criando uma companhia mais integrada e resistente às sanções. A desistência anunciada em 10.dez.2025, porém, interrompe esse movimento no curto prazo e adiciona incerteza ao futuro da cadeia de tecnologia avançada na China.
Sugon estatal mantém laços com Hygon mesmo sem fusão
Mesmo sem a fusão, Hygon e Sugon seguem fortemente conectadas pelo arranjo de capital que já existe entre elas na China. A Sugon, uma empresa estatal, continuará como principal acionista da Hygon, que possui capital misto, combinando recursos do Estado e de investidores privados.
Com a operação de troca de ações, caso tivesse sido concluída, a estatal aumentaria ainda mais sua participação na fabricante de chips. Agora, a relação societária permanece nos patamares atuais, mas o episódio expõe os desafios de alinhar interesses políticos, estratégicos e de mercado em grandes reestruturações empresariais no setor de tecnologia da China.
Desistência derruba ações de Hygon e Sugon em Xangai
O impacto do anúncio foi imediato no mercado financeiro. Após a confirmação de que a fusão estava cancelada, as ações da Hygon caíram 0,36 por cento na bolsa de Xangai, refletindo a frustração de investidores com o fim do plano de consolidação.
A reação foi ainda mais dura para a Sugon. Os papéis da empresa de servidores recuaram 10 por cento, sinal de que o mercado enxergava na fusão uma oportunidade relevante de ganho de escala e fortalecimento da estatal em um setor estratégico para a China. A forte queda aumenta a pressão sobre a companhia para explicar os próximos passos de sua estratégia.
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