Modelos do Inmet indicam que o ciclone extratropical, responsável por temporais e rajadas acima de 100 km/h no Centro Sul, se afasta da costa entre quinta 11 e sexta 12, reduz ventos, estabiliza o tempo no Sul, traz calor ao Sudeste e mantém ainda pancadas isoladas leves no Centro Oeste.
Depois de provocar temporais e ventos muito intensos no Centro Sul do país, o ciclone extratropical que se formou no início da semana começa a se afastar da costa a partir de quinta-feira 11, reduzindo o risco de novas tempestades severas e de rajadas extremas entre o Sul e o Sudeste. Não há mais previsão de ventos intensos ou grandes tempestades para o fim de semana, segundo os meteorologistas.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia Inmet, os modelos analisados nesta quarta-feira 10 de dezembro de 2025 já mostram o sistema em deslocamento para alto-mar, ainda na direção do Rio Grande do Sul na quinta, mas mais distante do litoral, e praticamente desconfigurado na sexta-feira 12, o que tende a amenizar os efeitos do ciclone sobre o clima em toda a faixa Centro Sul.
Ciclone se desconfigura e abre caminho para tempo firme
Os campos de pressão indicam que o ciclone extratropical deve se deslocar cada vez mais para o alto-mar, perdendo organização e força conforme se afasta da costa. Na quinta-feira 11, o centro do sistema ainda aparece alinhado com o Rio Grande do Sul, porém já distante do continente.
A expectativa é de que, na sexta-feira 12, o ciclone esteja mais fraco e desconfigurado, com a circulação de ventos menos intensa e sem capacidade de gerar novos episódios de tempestades generalizadas. Essa mudança de padrão é o que permite a virada para um tempo mais estável no Sul e mais quente no Sudeste, depois de vários dias seguidos de chuva e ventania.
Sul terá tempo firme e temperaturas em recuperação
No Sul do país, o cenário é de melhora gradual. A previsão indica tempo firme nos três estados da Região Sul, com poucas nuvens e praticamente ausência de chuva na quinta e ao longo do fim de semana.
Em Porto Alegre, a máxima prevista pelo Inmet fica em torno de 19 °C, ainda com sensação de friozinho, mas sem os temporais que marcaram o avanço do ciclone. Em Curitiba, a temperatura se eleva mais, com expectativa de 25 °C, enquanto Florianópolis pode chegar a 28 °C. Depois da passagem do ciclone, o destaque é a estabilidade, e não mais o risco de temporais severos.
Ao longo dos próximos dias, o avanço do ar mais seco ajuda a manter o céu com poucas nuvens na maior parte da região. Ainda podem ocorrer variações pontuais de nebulosidade, mas não há previsão de novos episódios de chuva intensa associados ao ciclone para o fim de semana.
Calor volta ao Sudeste após atuação do ciclone
No Sudeste, o padrão muda do tempo instável e ventoso para dias de sol e calor mais intenso, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais. A previsão é de máximas próximas dos 30 °C nessas áreas, com predomínio de tempo firme depois da influência direta do ciclone.
O norte de Minas Gerais e o Espírito Santo, porém, ainda podem registrar tempo instável, com pancadas isoladas de chuva mesmo com o aumento das temperaturas. A circulação de umidade na região e os resquícios da instabilidade mantêm nuvens mais carregadas, mas já sem a mesma relação direta com o centro do ciclone, que estará se afastando para o oceano.
Centro-Oeste terá calor, pancadas e influência indireta do sistema
No Centro-Oeste, o cenário é de retorno do calor, acompanhado de pancadas isoladas de chuva. As máximas devem variar entre 24 °C e 32 °C nos estados da região, com possibilidade de precipitações ao longo do dia, principalmente no período da tarde.
Essa instabilidade é típica da combinação entre calor e umidade e, neste momento, está mais ligada ao padrão atmosférico regional do que ao núcleo do ciclone, que já estará bem mais distante. A influência do ciclone no Centro-Oeste passa a ser cada vez mais indireta, restrita à organização geral dos ventos em níveis mais altos da atmosfera.
Estragos causados pelo ciclone no Centro-Sul do país
Mesmo em fase de afastamento, o ciclone extratropical deixou um rastro de estragos no Centro-Sul do Brasil desde o início da semana. De acordo com a Climatempo, o sistema foi classificado como de forte intensidade, com potencial para tempestades severas e rajadas acima de 100 km/h.
O Sul foi a região mais afetada. Na terça-feira, diversas cidades do Rio Grande do Sul registraram casas destelhadas, quedas de árvores e alagamentos, com acumulados de chuva que passaram dos 100 milímetros em algumas áreas do estado. Em um intervalo curto de tempo, o volume de água e a força do vento foram suficientes para gerar danos estruturais e transtornos no transporte.
No Sudeste, além da chuva persistente, as rajadas de vento também chamaram atenção. Em São Paulo, a ventania chegou perto de 100 km/h na quarta-feira, derrubando árvores na capital, interrompendo vias importantes e forçando o cancelamento de voos. Mais de 2 milhões de imóveis ficaram sem energia em determinado momento, mostrando o impacto da passagem do ciclone sobre a infraestrutura urbana.
Estados mais afetados pela passagem do ciclone
A lista de áreas que sentiram com mais força a influência do ciclone extratropical inclui estados de diferentes regiões. Entre os mais afetados estão:
- Rio Grande do Sul
- Santa Catarina
- Paraná
- São Paulo
- Serra e sul do Rio de Janeiro
- Minas Gerais
- Goiás
- Parte de Mato Grosso do Sul
- Sul de Mato Grosso
Nessas áreas, o sistema combinou chuva volumosa, rajadas intensas e alterações rápidas nas condições de tempo, com episódios de queda de energia, bloqueio de estradas por árvores e estruturas danificadas. O afastamento do ciclone para o oceano, portanto, representa um alívio importante para a população e para os serviços de defesa civil.
Como o ciclone se formou e ganhou tanta força
O ciclone extratropical se formou a partir da intensificação de uma área de baixa pressão entre o sul do Paraguai, o nordeste da Argentina e o Rio Grande do Sul, na tarde e noite de segunda-feira. Na madrugada de terça, o sistema se organizou completamente e cruzou o território gaúcho de oeste para leste, alcançando a região de Porto Alegre até a noite.
A pressão atmosférica muito baixa é um dos fatores que turbina as rajadas de vento e favorece a formação das nuvens do tipo cumulonimbus, responsáveis por temporais, raios, granizo e microexplosões. Em situações como essa, não se descarta a ocorrência de rajadas destrutivas associadas a tornados, ainda que o fenômeno principal seja o próprio ciclone extratropical.
Com o deslocamento para o oceano e a perda de organização da baixa pressão, o sistema perde gradualmente essa capacidade de gerar tempestades severas e passa a atuar principalmente na reorganização dos ventos em grande escala, contribuindo para o transporte de massas de ar mais frio ou mais quente, dependendo da configuração.
O que esperar para os próximos dias após o ciclone
Com o ciclone se afastando e se desconfigurando entre quinta 11 e sexta 12, a tendência geral é de estabilização do tempo no Sul, calor mais intenso no Sudeste e padrão de calor com pancadas isoladas no Centro-Oeste. Não há, neste momento, indicação de um novo sistema de mesma intensidade atuando na região até o fim de semana.
Ainda assim, os meteorologistas recomendam atenção para possíveis pancadas localizadas de chuva forte, típicas de verão, especialmente em áreas de calor intenso. A orientação é acompanhar os boletins oficiais do Inmet e de serviços de meteorologia regionais para atualizações pontuais de alerta.
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