Com o novo RG nacional, governo passará a exigir biometria em INSS, Bolsa Família, BPC e outros benefícios a partir de maio, ampliará a checagem cadastral até 2027 e tornará a CIN documento obrigatório para novos cadastros e renovações em 2028, o que aumenta segurança e pressiona quem atrasar cadastros.
O novo RG nacional, na forma da Carteira de Identidade Nacional (CIN), entra definitivamente no centro da política social a partir de 21 de novembro de 2025, quando o governo inicia a adoção da biometria obrigatória para novos benefícios do INSS e do BPC. A exigência se expande em 1º de maio de 2026, 1º de janeiro de 2027 e se consolida em 1º de janeiro de 2028, quando a CIN passa a ser a única base biométrica aceita em programas de Seguridade Social.
Na prática, o cronograma conecta o novo RG nacional ao acesso a aposentadorias, pensões, auxílios e programas como Bolsa Família, seguro-desemprego e abono salarial, sob o argumento oficial de reduzir fraudes e proteger recursos públicos. O governo diz que não haverá bloqueios automáticos na largada, mas admite que a checagem biométrica será incorporada à rotina de manutenção cadastral e prova de vida, o que aumenta a pressão sobre quem ainda não regularizou documentos.
Como o novo RG nacional entra nas regras dos benefícios sociais
O ponto de partida é o decreto que prioriza o novo RG nacional como base de identificação biométrica. A partir de 21 de novembro de 2025, todo novo pedido de benefício do INSS e do BPC precisa estar vinculado a alguma biometria já registrada, seja na CIN, na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou no cadastro da Justiça Eleitoral.
O Ministério da Gestão e Inovação afirma que cerca de 84 por cento dos 68 milhões de beneficiários já têm biometria em alguma dessas bases oficiais, o que reduz o número de pessoas obrigadas a buscar o novo RG nacional imediatamente. Ainda assim, a orientação é clara: quem não tem biometria ativa terá de ingressar no sistema pela CIN, que passa a ser tratada como documento-padrão até 2028.
Segundo o governo, pessoas sem impressão digital poderão adotar biometria facial, também vinculada ao novo RG nacional ou às demais bases permitidas, para garantir a identificação única do beneficiário em todos os programas sociais.
Cronograma da biometria nos benefícios sociais
O calendário de implantação vincula prazos distintos para novos beneficiários e para quem já está na folha de pagamento:
Entre novembro de 2025 e abril de 2026, novos pedidos de INSS e BPC já precisam apresentar biometria em algum documento aceito. Para salário-maternidade, benefício por incapacidade temporária, pensão por morte, seguro-desemprego, abono salarial e Bolsa Família, a biometria torna-se exigência a partir de 1º de maio de 2026.
A partir de 1º de janeiro de 2027, todas as novas concessões e renovações passam a exigir biometria, incluindo revisões e provas de vida dos benefícios atuais. Quem ainda não tiver biometria registrada será notificado e direcionado a emitir o novo RG nacional para manter o benefício em situação regular.
Em 1º de janeiro de 2028, o movimento se completa: a CIN se torna a única base biométrica aceita em qualquer novo pedido ou renovação de benefício, inclusive nos programas assistenciais e trabalhistas. Nesse ponto, o novo RG nacional deixa de ser apenas uma alternativa recomendada e passa a ser o eixo obrigatório de identificação.
Atualização cadastral e risco de aperto gradual
O governo afirma que a implementação da biometria vinculada ao novo RG nacional será feita de forma gradual, integrada aos ciclos de atualização já existentes, como o CadÚnico, as revisões do Bolsa Família e a prova de vida do INSS. A promessa oficial é de comunicação individualizada, por canais digitais e cartas, para evitar filas e deslocamentos desnecessários.
Na prática, cada rodada de revisão cadastral passa a incluir a conferência da biometria, e o beneficiário que não apresentar um documento compatível será orientado a emitir a CIN ou a registrar a biometria em bases já aceitas. O governo ressalta que não haverá corte imediato de renda, mas admite que a regularização será condição para manter o benefício ativo nos ciclos seguintes, o que transforma o novo RG nacional em requisito operacional para permanecer na rede de proteção social.
Quem está dispensado da biometria obrigatória por enquanto
A portaria que regulamenta o uso do novo RG nacional em benefícios sociais prevê exceções específicas. Estão dispensados da biometria obrigatória enquanto o poder público não oferecer atendimento adequado:
Pessoas com mais de 80 anos, identificadas em cadastros oficiais ou por documento com foto
Moradores de áreas de difícil acesso, como municípios atendidos pelo PrevBarco e localidades remotas definidas pelo IBGE
Migrantes, refugiados e apátridas, mediante protocolos e registros migratórios oficiais
Residentes no exterior, com comprovação consular ou documentação equivalente
Pessoas com dificuldade de locomoção por motivo de saúde ou deficiência, com comprovação médica
Além disso, até 30 de abril de 2026, também ficam temporariamente dispensados da biometria obrigatória os pedidos de salário-maternidade, pensão por morte, benefício por incapacidade, benefícios de famílias do Bolsa Família identificadas no CadÚnico, pedidos de seguro-desemprego e beneficiários do abono salarial.
Mesmo nesses casos, o governo deixa claro que a dispensa é temporária e vinculada à oferta de estrutura de atendimento. A tendência é que, à medida que a rede de emissão da CIN se expanda, o novo RG nacional também passe a ser exigido gradualmente para esses grupos.
Pressão sobre quem ainda não tirou o novo RG nacional
Do ponto de vista fiscal, o governo trata a biometria ligada ao novo RG nacional como peça central do pacote de corte de gastos aprovado pelo Congresso em 2024, voltado a reduzir pagamentos indevidos e fraudes em benefícios sociais. A identificação única por biometria reduz a possibilidade de cadastros duplicados, uso de documentos falsos e recebimento indevido por terceiros.
Para os beneficiários, porém, o cronograma representa uma mudança estrutural na relação com o Estado. Quem ingressar em programas sociais a partir de 2026 sem qualquer biometria ativa praticamente será obrigado a emitir a CIN, sob risco de ter o pedido paralisado. Já quem hoje recebe benefícios tende a ser chamado ao longo dos próximos ciclos de atualização, com prazos definidos caso a caso e checagem permanente da situação documental.
O governo insiste que não haverá “pente-fino surpresa”, mas o próprio desenho da política indica que, após 2028, será impraticável manter benefícios sem estar integrado ao sistema biométrico do novo RG nacional, o que pode afetar especialmente populações de baixa renda com dificuldade de acessar serviços de identificação civil.
Diante desse cenário, a pergunta que fica é simples e direta: você já tirou o novo RG nacional ou ainda depende dos documentos antigos para garantir seus benefícios sociais nos próximos anos?

