Mar violento e custo astronômico: entenda por que a rota de 18.000 km entre Chile e Austrália é considerada impossível hoje, inviabilizando uma revolução logística para o BrasilEntenda a inviabilidade da rota de 18.000 km entre Chile e Austrália pelo Pacífico. Descubra os desafios de logística para navios e o impacto no Brasil.

A ausência de portos, tempestades violentas e questões geopolíticas bloqueiam a rota de 18.000 km entre Chile e Austrália, impedindo uma conexão direta que poderia beneficiar exportações brasileiras.

Se observarmos o mapa mundi, a ausência de navios cruzando o Pacífico Sul chama a atenção. Atualmente, a criação de uma linha comercial direta nessa região é considerada inviável, apesar de todo o avanço tecnológico moderno. A rota de 18.000 km entre Chile e Austrália representa um dos maiores desafios logísticos do planeta, caracterizada por uma imensidão de águas abertas, isolamento extremo e falta de infraestrutura de apoio, o que impede uma revolução no transporte de cargas entre a América do Sul e a Oceania.

Historicamente, povos antigos como os polinésios navegaram por estas águas guiados apenas pelas estrelas e correntes, e mapas antigos sugerem que espanhóis podem ter tentado a travessia, muitas vezes com resultados trágicos.

Hoje, mesmo com navios potentes, a travessia permanece economicamente e tecnicamente proibitiva, forçando o comércio global a depender de rotas mais longas ou congestionadas, como o Canal do Panamá.

O abismo azul e os perigos do “Mar Pacífico”

O nome “Pacífico” foi dado por Fernão de Magalhães em 1520, após atravessar o estreito que leva seu nome e encontrar águas momentaneamente calmas.

No entanto, essa nomenclatura é irônica. A região da rota de 18.000 km entre Chile e Austrália é, na verdade, uma das mais voláteis da Terra, marcada por ciclones, tsunamis e correntes marítimas poderosas.

Diferente das rotas comerciais tradicionais, o Pacífico Sul oferece uma ausência quase total de ilhas habitadas ou grandes portos. Isso significa que, em caso de avaria ou necessidade de reabastecimento, uma embarcação estaria completamente desamparada.

Os navios enfrentariam jornadas longas sem acesso a reparos, tornando o risco de naufrágios ou perda de carga inaceitavelmente alto para as seguradoras e empresas de logística.

Existem registros históricos, como o do navio espanhol San Lesmes em 1526, que desapareceu nessas águas, alimentando lendas de galeões perdidos carregados de prata.

Expedições como a de Pedro Sarmiento de Gamboa também foram frustradas pelas condições severas, provando que o desafio é secular.

Ilhas artificiais e barreiras geopolíticas

Para tentar viabilizar a rota de 18.000 km entre Chile e Austrália, surgiram propostas de construção de ilhas artificiais que serviriam como postos de abastecimento no meio do oceano. Contudo, essa solução enfrenta obstáculos que vão muito além da engenharia.

O custo econômico seria astronômico, exigindo uma logística complexa apenas para transportar materiais e realizar a manutenção dessas estruturas no meio do nada.

Além do custo, há um vácuo jurídico. Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), ilhas artificiais não geram zonas econômicas exclusivas.

Isso criaria disputas internacionais sobre jurisdição e direitos sobre as águas circundantes. Potências como China e Estados Unidos, além de nações vizinhas como Nova Zelândia, poderiam entrar em conflito diplomático pelo controle desses pontos estratégicos.

O interesse do Brasil e a inviabilidade econômica atual

Do ponto de vista comercial, a demanda direta entre Chile e Austrália é baixa, pois ambas as economias são similares: exportadoras de commodities minerais e agrícolas. Elas competem pelos mesmos mercados em vez de trocarem produtos entre si. O Brasil se encaixa nesse mesmo modelo, importando itens que a Austrália não exporta em massa.

No entanto, o Brasil surge como um possível investidor estratégico interessado nessa conexão. Uma rota transoceânica pelo Pacífico Sul poderia encurtar o caminho para a China, nosso maior parceiro comercial.

Isso reduziria a dependência do Canal do Panamá e baixaria custos logísticos para minério de ferro, carne e soja.

Apesar do potencial de redefinir o comércio global e reduzir a influência norte-americana nas rotas atuais, a realidade imposta pela natureza e pela economia torna a rota de 18.000 km entre Chile e Austrália um projeto que, por enquanto, não pode sair do papel.

Você acredita que, com o avanço da tecnologia autônoma, veremos navios cruzando esse deserto de água nos próximos 50 anos?

Autor

  • Carla Teles

    Produzo conteúdos diários sobre economia, curiosidades, setor automotivo, tecnologia, inovação, construção, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

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