País vizinho se tornou a nova fronteira industrial da América do Sul: entenda como o Paraguai atrai empresas brasileiras com impostos baixos e previsibilidade.
O movimento é claro e os números não mentem: o Paraguai está atraindo uma enxurrada de indústrias brasileiras, chinesas e de toda a região, oferecendo um contraste brutal de custos operacionais. Gigantes como a Lupo já perceberam que operar no país vizinho não é apenas uma questão de economia, mas de sobrevivência competitiva. Enquanto o Brasil aumenta sua complexidade tributária, o governo paraguaio aposta em um modelo simplificado e agressivo que transforma a fronteira em um ímã de investimentos.
Essa migração não ocorre por acaso e nem se resume a um único fator. O que vemos é o resultado de uma estratégia iniciada em 2015 com a modernização da Lei de Maquila, somada a incentivos fiscais robustos e uma das energias mais baratas do continente.
Para entender por que tantas fábricas estão arrumando as malas, precisamos analisar a matemática por trás dessa decisão que está redesenhando o mapa industrial do Mercosul.
A guerra dos impostos: simplicidade contra burocracia
A diferença tributária entre os dois países é gritante. No Brasil, o emaranhado de impostos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) pode abocanhar até 34% dos ganhos de uma empresa.
Já no Paraguai, o imposto de renda corporativo segue uma alíquota única de 10% sobre o lucro tributável. Essa diferença de mais de 20 pontos percentuais é decisiva para indústrias com margens apertadas, significando muitas vezes a linha entre o lucro e o prejuízo.
No consumo, a disparidade continua. Enquanto o Paraguai opera com um IVA único de 10%, o Brasil impõe uma carga que varia de 18% a 35%, distribuída entre ICMS, PIS, COFINS, IPI e ISS.
Além do custo financeiro, há o custo da complexidade: empresas brasileiras precisam de departamentos inteiros apenas para garantir a conformidade fiscal, enquanto no vizinho a regra é simples e direta, reduzindo drasticamente os riscos de autuações.
O peso da folha de pagamento e energia
Outro gargalo brasileiro que o Paraguai resolveu é o custo da mão de obra. Os encargos patronais no país vizinho somam cerca de 16,5%, essencialmente destinados à previdência local (IPS).
No Brasil, esse custo salta para quase 29%, somando INSS, FGTS e outras contribuições. Para setores intensivos em mão de obra, como têxtil e calçadista, essa diferença torna a produção brasileira quase inviável em comparação direta.
Além disso, a energia elétrica joga a favor dos paraguaios. Graças à usina de Itaipu, o custo energético é um dos mais baixos da América do Sul, atraindo indústrias eletrointensivas que veem sua conta de luz despencar ao cruzar a fronteira.
Somado a isso, há o fator da estabilidade: ao contrário da incerteza jurídica brasileira, quem investe no Paraguai sabe quais serão as regras do jogo pelos próximos 10 ou 15 anos.
Blindagem patrimonial e o futuro do dinheiro
O movimento de migração não se restringe apenas às fábricas. Investidores e famílias de alto patrimônio também estão olhando para o Paraguai como uma ferramenta de proteção de ativos.
Com impostos sobre ganhos de capital e dividendos mais atrativos, o país se insere em planejamentos tributários sofisticados e legais, servindo de plataforma para diversificação internacional.
Não se trata de evasão fiscal, mas de eficiência. Gestoras de recursos já orientam seus clientes a utilizarem estruturas internacionais para reduzir riscos sistêmicos do Brasil e otimizar a sucessão patrimonial.
O Paraguai, com sua economia aberta e tarifas de importação reduzidas, deixou de ser apenas um vizinho menor para se tornar um parceiro estratégico indispensável para quem busca rentabilidade e segurança.
Você consideraria mudar sua empresa ou seus investimentos para o Paraguai em busca de mais lucro?

