Aluguel custa 88 centavos por ano conheça o complexo alemão de 500 anos que exige orações diárias e portões fechados às 22h em troca de moradiaNa Fuggerei, complexo alemão, o aluguel custa 88 centavos por ano. Descubra por que os moradores devem fazer orações diárias para viver lá.

Conheça a Fuggerei, a habitação social mais antiga do mundo onde o aluguel custa 88 centavos por ano para quem cumpre regras rígidas de religião e horário.

Imagine viver em um complexo histórico na Alemanha, com quintal e segurança, pagando um valor que parece mentira. Em Augsburg, na região da Baviera, essa realidade existe na Fuggerei, o conjunto habitacional social mais antigo do mundo ainda em funcionamento, onde o aluguel custa 88 centavos por ano. Não se trata de uma pegadinha, mas de uma tradição mantida há cinco séculos que exige o cumprimento de condições bem específicas por parte dos inquilinos.

Fundado em 1521 pelo comerciante Jacob Fugger, conhecido como “o Rico”, o local foi criado para acolher católicos em situação de vulnerabilidade que fossem naturais de Augsburg.

Hoje, moradores como Angelica Stibi encontram ali um refúgio digno após passarem por dificuldades financeiras graves. Em troca da moradia, eles mantêm viva a memória do fundador através de orações diárias e de uma convivência comunitária regida por normas que atravessaram gerações.

Regras rígidas: portões fechados e orações obrigatórias

Embora o valor financeiro seja simbólico, viver na Fuggerei tem outro tipo de preço: a disciplina. Quem mora no local precisa seguir regras estritas de convivência.

À noite, pontualmente às 22 horas, os portões do complexo são fechados e vigiados pelos próprios moradores. Quem chega após esse horário precisa pagar uma multa para entrar: 50 centavos se for antes da meia-noite ou 1 euro se passar desse horário.

Além do controle de acesso, existe uma exigência espiritual estabelecida pelo fundador Jacob Fugger, que era um católico devoto e desejava salvar sua alma do purgatório.

Até hoje, os residentes devem rezar por Fugger e sua família três vezes ao dia. Para Angelica, essa obrigação não é um fardo; ela cumpre o ritual na pequena igreja do local e afirma que as orações fluem como um mantra, sendo uma forma de gratidão pela oportunidade de morar onde o aluguel custa 88 centavos por ano.

Estrutura e custos adicionais

A Fuggerei conta com 67 edifícios e abriga cerca de 150 pessoas. Os apartamentos, como o de Angelica, possuem aproximadamente 60 m² e foram renovados e modernizados, contando até com pequenos quintais. Apesar de a taxa base ser irrisória, os moradores têm outras despesas.

Angelica explica que, além do valor anual simbólico, ela paga cerca de 100 euros por mês referentes às despesas operacionais da residência.

O financiamento de toda essa estrutura não vem do governo, mas sim de uma fundação administrada pela família Fugger, que utiliza recursos do comércio de madeira e do turismo para manter o local. A Fuggerei recebe cerca de 200.000 visitantes anualmente.

Para os moradores, isso significa viver dentro de uma atração turística. Angelica relata que é divertido conhecer pessoas de vários países, embora alguns visitantes achem que os residentes são figurantes que vão embora ao fim do expediente.

Um refúgio para recomeçar a vida

Muitos dos que vivem ali nunca imaginaram que precisariam de assistência. Angelica, por exemplo, trabalhava com restaurantes e tinha uma vida ativa até ser diagnosticada com câncer de mama aos 55 anos.

Após gastar todas as suas economias enquanto enfrentava a burocracia de órgãos oficiais, ela se candidatou a uma vaga no complexo. Os contratos de aluguel são por tempo indeterminado, o que trouxe a segurança que ela precisava.

A seleção não segue uma lista de espera rigorosa baseada apenas em tempo, foca também na personalidade e na necessidade.

Depois que os assistentes sociais aprovam o perfil, a inscrição é submetida a um descendente da família Fugger, que tem a palavra final.

Para Angelica e seus vizinhos, o local onde o aluguel custa 88 centavos por ano é mais que uma casa barata; é uma comunidade onde as pessoas se conhecem, se apoiam e encontram dignidade e esperança após momentos difíceis.

Você conseguiria viver em um lugar onde é obrigatório rezar três vezes ao dia pelos donos do imóvel em troca de aluguel barato?

Autor

  • Carla Teles

    Produzo conteúdos diários sobre economia, curiosidades, setor automotivo, tecnologia, inovação, construção, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

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