Elas andaram 21 km: descubra como a erosão empurrou as Cataratas do Iguaçu para longe da foz e entenda a lenda da serpente gigante que criou essa maravilha mundialConheça a lenda da serpente e a geologia do rio. Saiba como a água esculpiu as Cataratas do Iguaçu ao longo dos séculos.

Formado por erupções e desenhado pela separação da África, santuário natural das Cataratas do Iguaçu recua cerca de 1 cm ao ano, enquanto a mitologia indígena explica sua origem em uma tragédia amorosa.

Quem observa o colossal volume de água das Cataratas do Iguaçu pode não imaginar que, geologicamente, elas não nasceram no local onde estão hoje. Ao longo de milênios, a ação erosiva da água fez com que as quedas se deslocassem, empurrando a maravilha natural para 21 km de distância da foz original no Rio Paraná. Esse processo contínuo, onde o rio “serra” a rocha para trás em direção à nascente, continua acontecendo a uma taxa de aproximadamente um centímetro e meio por ano, moldando constantemente a paisagem que encanta visitantes do mundo todo.

Se a ciência explica a formação através de derrames vulcânicos ocorridos há 130 milhões de anos, quando a América do Sul se separava da África, a mitologia indígena oferece uma visão poética e trágica.

Para os índios Caingangues, o surgimento das quedas foi obra de um deus em forma de serpente, enfurecido por um amor proibido, que partiu a terra para impedir a fuga de um jovem guerreiro e sua amada.

A ciência por trás do gigante de água

O cenário que hoje conhecemos é resultado de um evento geológico massivo. A separação continental provocou o extravasamento de lava basáltica cobrindo mais de um milhão de quilômetros quadrados. Cada degrau das cataratas representa um desses derrames de rocha vulcânica, solidificados em camadas sobrepostas.

O Rio Iguaçu, que corre para o oeste devido à inclinação gerada pela colisão de placas tectônicas que formou os Andes, encontrou no Rio Paraná um leito muito mais profundo.

Essa diferença de nível criou o salto original. Com o tempo, a força das águas foi escavando o basalto, fazendo a cachoeira “caminhar” para trás, criando o cânion espetacular que vemos hoje.

Com 275 quedas que chegam a 80 metros de altura e uma vazão média de 1,5 milhão de litros por segundo, suficiente para encher a Baía de Guanabara em 20 minutos, as Cataratas do Iguaçu são uma das maiores reuniões de água do planeta.

A lenda de M’Boi e o amor proibido

Antes dos geólogos, os Caingangues já tinham sua explicação para a fúria das águas. Segundo a lenda, o mundo era governado por M’Boi, um deus-serpente que vivia no rio.

O cacique da tribo tinha uma filha belíssima chamada Naipi, que foi consagrada a esse deus, sendo proibido que qualquer guerreiro se apaixonasse por ela. No entanto, Tarobá, um jovem corajoso, desafiou a divindade ao se apaixonar perdidamente pela índia.

No dia da consagração, o casal fugiu em uma canoa pelo rio, que na época corria sem obstáculos. Furioso, M’Boi penetrou nas entranhas da terra e se contorceu, provocando uma fenda gigantesca que engoliu as águas, criando as cataratas.

Como castigo eterno, Tarobá foi transformado em uma palmeira e Naipi em uma pedra, condenados a ficarem próximos, mas sem nunca se tocarem, vigiados para sempre pela serpente nas águas revoltas do Garganta do Diabo.

De propriedade privada a patrimônio mundial

Curiosamente, até o início do século XX, essa maravilha era uma propriedade particular. Foi Santos Dumont, o pai da aviação, quem mudou esse destino.

Ao visitar a região em 1916 e descobrir que as terras pertenciam a um uruguaio chamado Jesus Val, Dumont foi até Curitiba exigir que o governo desapropriasse a área para torná-la pública.

Seu esforço resultou na criação do Parque Nacional do Iguaçu, oficializado no Brasil em 1939, cinco anos após o parque argentino.

Hoje, reconhecidas como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO e eleitas uma das Sete Maravilhas da Natureza, as Cataratas do Iguaçu recebem milhões de turistas.

Seja pelo lado argentino, onde se chega bem perto da Garganta do Diabo, ou pelo lado brasileiro, que oferece a melhor vista panorâmica, o local continua sendo um testemunho vivo da força da natureza, e, para quem acredita, da força de um amor imortal.

Você prefere acreditar na explicação geológica da erosão ou na lenda trágica do amor proibido?

Autor

  • Carla Teles

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