De uma antiga oficina mecânica em Minas Gerais, o brasileiro de Uberaba transforma garrafa PET com água em lâmpada de 40 watts, ilumina telhados em comunidades pobres pelo mundo, ajuda famílias a economizar 30 por cento na conta de luz e inspira projetos sociais sustentáveis em vários continentes e cidades.
Em 1990, um encontro casual com Chico Xavier marcou para sempre a vida de um brasileiro de Uberaba que ainda nem imaginava transformar uma garrafa plástica em tecnologia social. Em 2001, já na antiga oficina mecânica onde trabalhava todos os dias, ele encaixou a primeira garrafa PET cheia de água na telha e viu nascer uma lâmpada simples, feita de sol e criatividade, capaz de mudar a rotina de casas sem janela e sem dinheiro para pagar luz.
Quase três décadas depois, a lâmpada de garrafa PET movida ao sol criada por esse brasileiro de Uberaba chegou a mais de 15 países, ilumina cerca de 140 mil telhados só nas Filipinas e rendeu convites para museus na Holanda, palestras na Coreia do Sul e projetos em Índia, Bangladesh e Tanzânia, sempre com o mesmo objetivo central declarado pelo inventor e pela família: levar claridade de graça para quem vivia no escuro até durante o dia.
A oficina em Uberaba e a promessa de uma luz para o povo
Faz quase 30 anos que Alfredo Moser empurra as portas da casa onde funcionava a antiga oficina mecânica em Uberaba. Das máquinas e ferramentas restaram apenas lembranças, mas a verdadeira relíquia está no telhado, onde ainda se veem as primeiras lâmpadas improvisadas com garrafa PET e água que ele instalou em 2001.
A ideia amadureceu muitos anos antes, quando o brasileiro de Uberaba encontrou Chico Xavier em 1990. Na conversa, o médium colocou a mão sobre a cabeça de Alfredo e disse que ele teria “uma aluna” na vida, uma criação que não seria só dele, mas “do povo”. Na época, o comentário soou enigmático. Só depois, ao ver a garrafa cheia de água transformar o sol em claridade dentro da oficina, é que Alfredo ligou a visão do médium à invenção que ainda estava nascendo.
Desde então, a casa simples em Uberaba virou ponto de peregrinação. Gente de várias partes do Brasil e do mundo bate à porta para ver de perto a lâmpada improvisada que o brasileiro de Uberaba pendurou na telha e que hoje ilumina moradias inteiras em bairros pobres de outros continentes.
Como a lâmpada de garrafa PET transforma sol em luz dentro de casa
A tecnologia é simples, mas exige cuidado. A lâmpada de Moser equivale a cerca de 40 watts e nasce de uma garrafa PET comum, transparente. O brasileiro de Uberaba explica passo a passo como qualquer pessoa pode replicar.
Primeiro, ele enche a garrafa com água potável e coloca duas tampinhas de água sanitária, o suficiente para retardar o aparecimento de algas e manter o líquido transparente por mais tempo. Depois, encaixa um pequeno potinho plástico sobre a tampa para proteger contra os raios solares diretos e aumentar a durabilidade do conjunto.
A telha é furada com serra copo acoplada a uma ferramenta elétrica. A garrafa é então atravessada pelo buraco e fixada com massa plástica, aplicada tanto na parte externa quanto na interna, vedando o encaixe e impedindo infiltrações. Quando o sol bate na garrafa, o líquido funciona como um difusor que espalha a luz em todas as direções, iluminando cômodos que antes dependiam de lâmpadas elétricas mesmo durante o dia.
Segundo o próprio casal, não se trata de um enfeite, e sim de uma economia concreta. O primeiro teste foi no banheiro: toda vez que alguém entrava, precisava acender a luz, mesmo em plena manhã. Com a garrafa instalada, a claridade natural passou a ser suficiente durante o dia e, já no primeiro mês, a conta de energia da casa teve um desconto em torno de 30 por cento, resultado que convenceu definitivamente até a esposa, que no início desconfiava da ideia.
Da casa em Uberaba para 140 mil telhados nas Filipinas
O salto global da invenção começou quando um jovem filipino viu na internet o vídeo do brasileiro de Uberaba mostrando a lâmpada de garrafa PET e decidiu levar o projeto para as Filipinas. Em pouco tempo, cerca de 140 mil telhados do país receberam a mesma solução, ajudando famílias que viviam em casas sem janela e sem fiação adequada a ter luz durante o dia sem gastar com energia, querosene ou óleo para lamparinas.
A partir daí, a adaptação se espalhou para Índia, Bangladesh e Tanzânia, entre outros países. Em regiões onde muitas moradias têm apenas portas e nenhuma janela, a lâmpada de Moser virou alternativa imediata para evitar que as famílias passem o dia inteiro no escuro ou dependentes de combustíveis caros e poluentes.
Uma das histórias que mais emocionaram Alfredo foi a de um casal, em um desses países, que economizou em poucos meses o suficiente para comprar o enxoval do primeiro filho apenas substituindo o gasto com querosene e óleo pela claridade da garrafa com água. Para o brasileiro de Uberaba, o valor da invenção está justamente aí: não apenas na luz, mas na chance de direcionar o pouco dinheiro disponível para comida, saúde ou o bebê que está chegando.
Design, museu em Amsterdã e reconhecimento internacional
A lâmpada de Moser também chamou a atenção do mundo do design. Um designer holandês transformou a ideia em obra de arte exposta em um museu em Amsterdã, mostrando como uma solução nascida em telhado simples de Uberaba pode dialogar com debates globais sobre sustentabilidade, reaproveitamento de materiais e inclusão energética.
O brasileiro de Uberaba também foi convidado para palestrar em um congresso internacional de inovação na Coreia do Sul, onde contou como a invenção surgiu de observações do cotidiano, sem laboratório sofisticado, e foi refinada com tentativa e erro até chegar ao formato que hoje se vê em milhares de casas. Ali, a mesma garrafa PET que costuma ir para o lixo virou símbolo de tecnologia social acessível.
Energia limpa, meio ambiente e economia na ponta do lápis
Além do impacto social direto, a lâmpada de garrafa PET criada pelo brasileiro de Uberaba traz efeitos ambientais claros. Cada garrafa reaproveitada deixa de virar resíduo e substitui o uso de energia elétrica ou combustíveis fósseis durante boa parte do dia. Em comunidades que dependem de geradores a diesel ou lamparinas a querosene, a redução de consumo significa menos fumaça dentro de casa e menos emissão de gases para a atmosfera.
Ao usar apenas água, um pouco de água sanitária e sol, a solução combina três elementos básicos da vida cotidiana em uma forma de energia limpa e quase gratuita. Para famílias que vivem na informalidade, em casas improvisadas e telhados frágeis, a instalação de várias garrafas permite ampliar a claridade de forma distribuída, alcançando cômodos que nunca tiveram uma lâmpada elétrica convencional.
Caderno de visitantes, recortes e o orgulho guardado na sala
Na sala da casa em Uberaba, a esposa de Alfredo, dona Carmelinda, guarda com cuidado recortes de jornais estrangeiros, o crachá da palestra na Coreia do Sul e documentos que registram a trajetória das lâmpadas. Em um caderno grosso, o casal anota o nome de todo mundo que já passou pela residência para conhecer a invenção e ouvir a história diretamente do brasileiro de Uberaba que decidiu dividir sua luz com o mundo.
As páginas estão quase cheias, com assinaturas de pesquisadores, estudantes, curiosos e jornalistas. Cada visita é tratada como confirmação de que a lâmpada de garrafa PET movida ao sol saiu do improviso no telhado para se tornar referência global de criatividade aplicada a problemas concretos. O que começou como experiência em um banheiro de casa hoje ilumina o caminho de famílias que nunca haviam recebido uma conta de luz mais baixa por causa do sol que entra pela telha.
Diante de uma solução tão simples e barata criada por um brasileiro de Uberaba, você acha que governos e empresas deveriam apoiar a instalação em massa dessas lâmpadas de garrafa PET em comunidades pobres ou iniciativas desse tipo devem continuar nas mãos de voluntários e projetos independentes espalhados pelo mundo?

