Nova resolução do Contran cria modelo de CNH sem autoescola, libera curso teórico online gratuito, permite instrutor autônomo com carro próprio, reduz aulas práticas obrigatórias para duas horas e promete baratear em até 70 por cento o caminho para milhões de brasileiros que não conseguiram pagar a carteira até hoje
A forma de tirar a habilitação está mudando no Brasil. Com a nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a CNH sem autoescola passa a ser uma possibilidade real, com aulas teóricas online e gratuitas, aulas práticas que podem ser feitas com instrutor autônomo e uso do próprio carro do aluno. O objetivo declarado é reduzir burocracia e custo do processo, sem abrir mão das provas teórica e prática.
Na prática, as autoescolas deixam de ser o único caminho obrigatório, mas continuam existindo como opção de mercado. A nova regra vale em todo o país a partir da publicação no Diário Oficial da União e promete impactar diretamente milhões de brasileiros que adiam o sonho da habilitação por falta de dinheiro para pagar o curso completo tradicional.
Como funciona a CNH sem autoescola
Pela nova norma, a CNH sem autoescola passa a ser possível principalmente no eixo das aulas teóricas. O candidato não é mais obrigado a contratar um pacote completo em Centro de Formação de Condutores (CFC) para estudar o conteúdo exigido na prova.
Agora, o curso teórico pode ser feito gratuitamente, online e diretamente em plataforma do Ministério dos Transportes, sem carga horária mínima obrigatória. O candidato estuda em casa, conclui o conteúdo e segue para as etapas presenciais, que continuam exigidas por lei.
Já no caso das aulas práticas, a CNH sem autoescola não significa “sem treino”, mas sim liberdade de escolha: o aluno pode continuar usando uma autoescola tradicional ou optar por um instrutor autônomo credenciado, com regras específicas.
Aulas teóricas online e gratuitas
Antes da mudança, quem queria tirar a carteira precisava se matricular em um CFC, pagar pelo curso teórico e cumprir uma carga horária mínima em sala de aula. Agora, a CNH sem autoescola permite que todo o conteúdo teórico seja acessado gratuitamente, pela internet, em ambiente oficial.
As principais características desse novo formato são:
- Aulas teóricas disponibilizadas online, sem custo de matrícula ou mensalidade
- Ausência de carga horária mínima definida em resolução
- Conteúdo alinhado às exigências do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
- Certificação do cumprimento do curso como condição para marcar a prova teórica
Apesar da flexibilização, o candidato continua obrigado a comparecer presencialmente para o registro biométrico, o exame médico e a realização das provas teórica e prática. Ou seja, a etapa de avaliação permanece sob responsabilidade dos órgãos de trânsito estaduais.
Aulas práticas com apenas 2 horas mínimas
A mudança mais sensível na etapa de rua é a redução radical da carga mínima de treino. A CNH sem autoescola passa a exigir apenas 2 horas de aulas práticas, em vez das 20 horas mínimas tradicionais.
Nessas duas horas, o candidato poderá escolher:
- Fazer as aulas em uma autoescola tradicional, seguindo o modelo já conhecido
- Fazer as aulas com um instrutor autônomo credenciado pelo Detran, em carro de autoescola ou em veículo próprio que atenda às exigências legais
Segundo o Ministério dos Transportes, o veículo usado nas aulas práticas precisa estar com todos os equipamentos obrigatórios em dia, manutenção adequada e documentação regular.
A norma também abre espaço para o uso de veículo do próprio aluno, desde que respeitados os parâmetros do CTB. Motos utilizadas nas aulas devem ter, no máximo, 8 anos de fabricação; carros, até 12 anos; e veículos de carga, até 20 anos. O carro precisa estar identificado como veículo de instrução e cumprir os requisitos de segurança.
Na prática, a CNH sem autoescola redistribui o foco do treino obrigatório para um mínimo formal e transfere ao candidato a responsabilidade de buscar mais prática, se julgar necessário, seja com mais horas pagas ou com condução supervisionada fora do pacote mínimo.
Quem pode ser instrutor autônomo na CNH sem autoescola
O coração do novo modelo é a figura do instrutor autônomo, que passa a competir diretamente com autoescolas na etapa prática da CNH sem autoescola. Mas não se trata de qualquer motorista oferecendo aula informal: há critérios rígidos de cadastro.
Entre os requisitos para atuar como instrutor autônomo estão:
- Ter no mínimo 21 anos
- Possuir habilitação para conduzir veículo há pelo menos dois anos
- Não ter cometido infração gravíssima nos últimos 60 dias, nem sofrer cassação da CNH
- Ter concluído o ensino médio
- Possuir formação específica em habilidades pedagógicas, com foco em legislação de trânsito e direção segura, e ser aprovado em avaliação
- Ter curso específico realizado pelo órgão executivo de trânsito, com certificado
- Usar veículos dentro do limite de idade definido e identificados como de instrução
Durante as aulas práticas, o instrutor precisa portar:
- CNH
- Credencial de Instrutor ou crachá do órgão competente
- Licença de Aprendizagem Veicular
- Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo
Além disso, o instrutor autônomo pode atuar de forma independente mesmo se for vinculado a uma autoescola, o que abre espaço para modelos híbridos de negócio. Cabe a ele registrar e validar a presença do aluno em cada aula, sob possibilidade de fiscalização a qualquer momento pelos órgãos de trânsito.
Na lógica da CNH sem autoescola, o instrutor autônomo vira uma peça central: ele pode oferecer preços mais competitivos, horários flexíveis, atendimento em diferentes bairros e até usar o veículo do próprio aluno, reduzindo custos operacionais.
Como conferir se o instrutor é realmente autorizado
Para tentar evitar fraudes e garantir segurança jurídica na CNH sem autoescola, a resolução prevê mecanismos de consulta pública. Todos os instrutores credenciados estarão listados no site oficial do Ministério dos Transportes e no aplicativo Carteira Digital de Trânsito (CDT).
Na consulta, o candidato poderá visualizar:
- Foto do instrutor
- Dados de credenciamento
- Validade da autorização
Essa checagem permite que o aluno confirme, com alguns cliques, se quem está oferecendo aulas dentro do modelo de CNH sem autoescola está, de fato, autorizado pelo sistema de trânsito. A recomendação técnica é clara: não iniciar aulas práticas com quem não aparece nos registros oficiais.
Quanto a CNH pode ficar mais barata
A aposta do governo é que a CNH sem autoescola reduza de forma significativa o custo total da habilitação, especialmente para categorias iniciais como a B (carro) e AB (carro e moto).
Segundo o Ministério dos Transportes, o pacote tradicional de aulas teóricas e práticas hoje varia, em média, entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. Um levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indica que o Rio Grande do Sul, por exemplo, tem custo médio de R$ 4.951,35 para a categoria AB.
Com o novo modelo, o ministério projeta que a redução no custo do processo de obtenção da CNH pode chegar a 70 por cento, principalmente porque:
- O curso teórico passa a ser gratuito e online, retirando uma fatia relevante do gasto
- As aulas práticas obrigatórias caem para 2 horas, e o restante do treino passa a ser opcional
- Instrutores autônomos podem cobrar abaixo da tabela tradicional de autoescolas, criando competição de preço
Em nota, o ministro dos Transportes, Renan Filho, reforçou que baratear e desburocratizar a CNH sem autoescola é tratado como política de inclusão produtiva, já que habilitação está diretamente ligada a oportunidades de trabalho, renda e autonomia em várias profissões.
O que continua obrigatório, mesmo com CNH sem autoescola
Mesmo com toda a flexibilização do modelo, a CNH sem autoescola não elimina as etapas de avaliação do Estado. As provas continuam sendo o filtro decisivo para saber se o candidato está apto a dirigir.
Seguem obrigatórios:
- Exame médico presencial
- Registro biométrico
- Prova teórica presencial
- Prova prática de direção, aplicada pelos Detrans
Como reforçou o próprio ministro, “as aulas, por si só, não garantem que alguém esteja apto a dirigir; o que garante é a prova”. Na prática, a CNH sem autoescola desloca a responsabilidade de estudo e treino para o candidato, mas mantém o rigor na etapa em que ele é avaliado formalmente.
Para muitos especialistas, o modelo pode funcionar bem se vier acompanhado de campanhas de orientação e se os candidatos entenderem que, embora apenas 2 horas sejam exigidas, dirigir com segurança exige muito mais prática do que o mínimo legal.
No seu caso, se a CNH sem autoescola já estivesse valendo hoje no seu estado, você se sentiria seguro fazendo só o mínimo obrigatório ou preferiria manter parte das aulas em autoescola tradicional?

