Enquanto muita gente previa o fim do corretor de imóveis, os dados do Cofeci mostram o contrário: a categoria bate 580 mil profissionais ativos em 2024, avança 195% em 15 anos e ganha força com marketing digital, contratos de associação e atuação como consultoria especializada, mais respeitada no mercado brasileiro.
Apontado durante anos como uma profissão ameaçada pela tecnologia, o corretor de imóveis vive hoje o movimento oposto no mercado brasileiro. Dados do Sistema Cofeci-Creci indicam que o país encerrou 2024 com cerca de 580 mil corretores ativos, crescimento de 5% em relação ao ano anterior, enquanto a profissão soma atualmente cerca de 650 mil profissionais, número 195% maior do que há 15 anos.
Longe de caminhar para o fim, a carreira passou por uma reinvenção acelerada desde meados da década passada, apoiada em marketing digital, novas formas de contratação e especialização. Em 2015, a figura do corretor associado passou a ser prevista em lei, consolidando uma nova etapa de profissionalização, com mais clareza jurídica nas relações entre imobiliárias e autônomos.
Do “fim da profissão” ao boom de novos corretores
Durante muito tempo, circulou a ideia de que a tecnologia acabaria com o trabalho do corretor de imóveis. Plataformas digitais, anúncios online e visitas virtuais foram apontados como substitutos inevitáveis do atendimento humano. Na prática, porém, aconteceu o contrário: o número de corretores cresceu e o mercado passou a exigir profissionais ainda mais qualificados.
Segundo o Sistema Cofeci-Creci, o Brasil chegou ao fim de 2024 com cerca de 580 mil corretores de imóveis ativos, um avanço de 5% em apenas um ano. Somando todos os registros, a profissão reúne hoje aproximadamente 650 mil profissionais, um salto de 195% em 15 anos, mostrando que, em vez de desaparecer, a carreira se expandiu em ritmo acelerado.
Mercado aquecido atrai jovens e profissionais em transição
O aumento no número de registros acompanha um mercado imobiliário ainda aquecido. A compra, venda e locação de imóveis seguem em destaque, e o setor se consolidou como opção real para quem busca autonomia, reconhecimento e potencial de ganhos.
Esse cenário atrai tanto jovens empreendedores, que começam a carreira já conectados ao mundo digital, quanto profissionais em transição, vindos de outras áreas em busca de novos desafios. Para muitos, tornar-se corretor de imóveis é uma forma de empreender com estrutura, aproveitando a força das imobiliárias e das incorporadoras, mas mantendo liberdade na rotina e nas estratégias de atuação.
Corretor de imóveis deixa o plantão e vira consultor estratégico
O modelo antigo, em que o corretor de imóveis ficava apenas esperando o cliente no plantão de vendas, perdeu espaço. Hoje, quem se destaca é o profissional que atua como consultor estratégico, acompanhando o cliente desde a primeira busca até a assinatura do contrato.
Esse novo corretor domina marketing digital e redes sociais, produz conteúdo, faz captação ativa de clientes, entende de crédito imobiliário e tem noções jurídicas para explicar cláusulas e condições de contratos. Além disso, acompanha tendências urbanísticas, econômicas e de sustentabilidade, tornando-se uma referência para quem quer comprar ou investir com segurança.
Para especialistas, o chamado “corretor do futuro” já está em campo: trata-se de um profissional especialista, com profundo conhecimento da região onde atua, domínio de preços, legislação, contratos e capacidade de orientar o cliente com segurança em cada etapa da negociação.
Corretor associado e mais segurança jurídica
A modernização do setor não se restringe à tecnologia. Houve também mudanças importantes na estrutura jurídica da profissão. O diretor de intermediação imobiliária do Secovi-SP, Flávio Prando, destaca a relevância da formalização do contrato de corretor associado, figura prevista em lei desde 2015.
Segundo ele, a figura do corretor associado é uma exigência legal. Em caso de contencioso trabalhista, a primeira análise do Judiciário é verificar se existe um contrato formal entre a empresa e o corretor de imóveis que o caracterize como associado. Ou seja, sem contrato de associação bem feito, aumenta o risco de questionamentos e disputas.
Prando ressalta que o contrato deve estabelecer uma relação horizontal, sem a subordinação típica de vínculo empregatício. Em suas palavras, “o contrato de associação gera uma relação horizontal com o corretor, não uma relação vertical”, reforçando a ideia de parceria entre as partes, e não de emprego tradicional.
Especialização, sustentabilidade e foco no longo prazo
A consolidação do corretor de imóveis como consultor também passa pela especialização. Ganham força os profissionais que conhecem profundamente bairros, condomínios, infraestrutura local, serviços e perspectivas de valorização. Eles conseguem comparar oportunidades, explicar vantagens e riscos e ajudar o cliente a tomar decisões alinhadas com seu perfil e com seus objetivos de longo prazo.
Ao mesmo tempo, sustentabilidade virou tema central. As novas gerações de compradores valorizam empreendimentos com uso mais racional de água e energia, além de soluções que reduzam o impacto ambiental. O corretor que acompanha essas tendências sai na frente, porque consegue traduzir detalhes técnicos em benefícios concretos para quem vai morar ou investir.
Em um cenário em que os números crescem, as exigências aumentam e o consumidor está mais informado, não é o fim do corretor de imóveis, mas o fim do corretor despreparado. O espaço está aberto para quem estuda, se atualiza e se posiciona como consultor de confiança.
E você, acha que o corretor de imóveis ficou ainda mais indispensável na hora de comprar ou investir em um imóvel ou acredita que a tecnologia vai assumir esse papel nos próximos anos?

