Especialistas em trânsito reforçam que esquecer CNH ou CRLV, mesmo com versão digital, pode gerar multa, retenção do veículo, remoção ao pátio, pontos na carteira e custos extras se o licenciamento estiver vencido ou se o agente não conseguir validar tudo direto no sistema
Em 15 de dezembro de 2025, o alerta foi reforçado: esquecer CNH ou CRLV não é apenas um erro banal de quem saiu de casa com pressa, mas uma infração prevista no Código de Trânsito Brasileiro que pode terminar em multa, retenção do carro na blitz e perda de tempo para regularizar a situação. A fiscalização passou a contar com recursos digitais, mas a responsabilidade continua integralmente nas mãos do condutor.
Na prática, a diferença entre estar sem habilitação e apenas ter esquecido CNH ou CRLV define se a multa ficará na casa de R$ 88,38 ou se poderá chegar a R$ 880,41, com impacto direto na carteira de pontos e no bolso. Em todos os cenários, o motorista que trata CNH ou CRLV como detalhe corre o risco real de ver o carro guinchado para o pátio e ficar a pé por um descuido facilmente evitável.
CNH ou CRLV: quais documentos são obrigatórios na fiscalização
Para dirigir legalmente no Brasil, o condutor precisa comprovar, em qualquer abordagem, que possui CNH ou CRLV em situação regular. A lei admite tanto os documentos físicos quanto suas versões eletrônicas, desde que emitidas pelos canais oficiais e em condições de serem verificadas pelo agente de trânsito.
A Carteira Nacional de Habilitação confirma que o motorista está autorizado a dirigir, que passou nos exames exigidos e que não está com o direito de dirigir suspenso ou cassado. Já o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo prova que o automóvel está com licenciamento em dia, IPVA pago e sem restrições judiciais que impeçam a circulação. Na ausência de CNH ou CRLV, o agente não tem como constatar de imediato essa regularidade, o que abre espaço para autuação e retenção do veículo.
Multa de R$ 88,38 ou de R$ 880,41: o que muda em cada caso
O CTB diferencia duas situações que muitos motoristas confundem. Dirigir sem possuir habilitação é infração gravíssima, com multa de R$ 880,41 e outras consequências mais severas para quem nunca foi habilitado ou está com a CNH cassada. Esse é o cenário de maior risco, em que o condutor efetivamente não tem o direito de dirigir.
Quando o motorista é habilitado, mas saiu de casa sem CNH ou CRLV, o enquadramento muda. A infração passa a ser a prevista no artigo 232 do CTB, que trata especificamente do porte obrigatório de documento de habilitação e de licenciamento. Nesse caso, o ato de esquecer CNH ou CRLV é classificado como infração leve, com multa de R$ 88,38 e 3 pontos na carteira, mas com um efeito administrativo pesado: o veículo fica retido na blitz até que alguém apresente os documentos originais.
Quando o carro vai para o pátio e o motorista fica a pé
A retenção do veículo é o primeiro passo quando o motorista está sem CNH ou CRLV em mãos, embora esteja regularmente habilitado e com o carro licenciado. O agente pode aguardar no local até que um familiar ou terceiro leve os documentos, o que resolve a autuação sem necessidade de remoção física do automóvel.
Se ninguém conseguir entregar CNH ou CRLV dentro de um prazo razoável na própria blitz, o cenário muda. O veículo pode ser guinchado e levado ao pátio, somando à multa original os custos de reboque e diárias de permanência, que rapidamente superam o valor da infração leve. Em situações mais graves, como ausência de habilitação ou licenciamento vencido, a remoção ao pátio é imediata, mesmo que o condutor tente apresentar documentos depois.
CNH ou CRLV digital: quando o aplicativo evita a multa
A legislação em vigor, atualizada pela Lei 14.071 de 2020, trouxe uma alternativa importante: o porte físico de CNH ou CRLV é dispensável se o motorista apresentar a versão digital no aplicativo oficial Carteira Digital de Trânsito, a CDT. Nessa condição, o agente de trânsito é obrigado a aceitar o documento eletrônico, desde que consiga validar os dados.
Na prática, isso significa que ter CNH ou CRLV digital reduz muito o risco de ser autuado por simples esquecimento do papel, desde que o aplicativo esteja instalado, atualizado e funcional no momento da abordagem. O motorista que conta com essa solução, no entanto, não está livre de problemas tecnológicos que podem ser interpretados como falta de documento.
A pegadinha tecnológica: bateria, sinal e consulta ao sistema
A mesma regra que aceita CNH ou CRLV digital traz um ponto crítico: a responsabilidade continua com o condutor. Se o celular estiver sem bateria, travar na hora da fiscalização ou o aplicativo não abrir, o agente considerará que os documentos não foram apresentados. Do ponto de vista prático, é como se CNH ou CRLV simplesmente não existissem ali, ainda que estejam válidos nos sistemas.
Há também a hipótese de falha de conexão. Se, por alguma razão, o agente não conseguir confirmar os dados no momento da abordagem, seja por falta de internet, seja por instabilidade do sistema, o risco é o mesmo: o motorista poderá ser enquadrado como se estivesse sem CNH ou CRLV, com aplicação de multa leve, 3 pontos e retenção do veículo até regularização. Por isso, depender exclusivamente do celular, sem qualquer alternativa, aumenta a vulnerabilidade na fiscalização.
CRLV atrasado: quando o problema é o licenciamento, não o papel
Esquecer CNH ou CRLV é uma coisa. Estar com o licenciamento do veículo atrasado é outra, bem mais séria. Se, durante a blitz, o agente consultar o sistema e verificar que o CRLV do ano em curso não foi emitido por falta de pagamento, a infração deixa de ser leve e passa a gravíssima.
Nesse caso, a multa é de R$ 293,47, com 7 pontos na CNH, e o carro é removido obrigatoriamente para o pátio. Não adianta alguém correr para levar o documento físico: a irregularidade está na situação do veículo, não no porte de CNH ou CRLV. Para liberar o carro, o proprietário precisará quitar o licenciamento, pagar a multa e o custo de estadia no pátio, o que transforma um esquecimento em uma despesa de centenas de reais.
Como reduzir o risco de multa por CNH ou CRLV
A estratégia mais segura é combinar redundâncias. Manter CNH ou CRLV digital e também uma cópia física reduz a chance de ficar sem nenhuma prova de regularidade. Deixar o CRLV ou a versão impressa do CRLV-e no porta-luvas, manter a CNH na carteira e usar a CDT como reforço coloca o motorista em posição muito mais confortável em qualquer abordagem.
Outra boa prática é checar periodicamente a validade da habilitação e se o licenciamento do ano já foi processado no sistema. Não basta ter o papel de CNH ou CRLV se a situação cadastral estiver irregular, já que o agente consulta os dados em tempo real. A soma de calendário atualizado, documentos em dia e múltiplas formas de apresentação é o que realmente protege contra multas, retenções e remoções ao pátio.
Na sua rotina, você confia apenas na versão digital ou prefere manter CNH ou CRLV também impressos no carro para não correr o risco de ficar a pé em uma blitz?
