Projeto integra arquitetura, infraestrutura e armazenamento gravitacional para criar o possível edifício mais alto do mundo com 1,7 GWh para alimentar centros de IA e cidades inteiras
A corrida por energia está se tornando tão estratégica quanto a corrida tecnológica. Com a explosão da inteligência artificial e de grandes centros de dados, a demanda global por eletricidade dispara em ritmo nunca visto. É nesse cenário que surge uma proposta radical: uma torre de 1 km de altura nos Estados Unidos que poderia se tornar o edifício mais alto do mundo e, ao mesmo tempo, atuar como uma bateria gravitacional gigante para armazenar energia renovável.
Mais do que um marco arquitetônico, esse conceito combina engenharia estrutural, solução energética e planejamento urbano.
A ideia é simples e ambiciosa ao mesmo tempo: usar a altura extrema do possível edifício mais alto do mundo para armazenar mais de 1,7 GWh de energia, suficiente para abastecer uma cidade de porte médio ou grandes centros de IA por horas, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e viabilizando o uso em massa de energia solar e eólica.
A pressão da IA e dos centros de dados por energia limpa
A nova economia digital tem um gargalo bem concreto: eletricidade. Um único grande centro de dados de IA pode consumir energia equivalente a cerca de 100 mil casas, e esse número tende a crescer com a expansão de modelos cada vez maiores e serviços em tempo real.
Ao mesmo tempo, governos e empresas prometem operar com 100% de energia renovável nos próximos anos, o que cria um dilema: o sol não brilha o tempo todo e o vento não sopra o dia inteiro. Sem uma forma eficiente de armazenamento, eólica e solar não conseguem substituir sozinhas o carvão, o gás e parte da energia nuclear.
É exatamente aí que entram soluções como a torre gravitacional que pode virar o edifício mais alto do mundo. Em vez de depender apenas de baterias químicas, de ciclo de vida limitado, a proposta é armazenar energia em forma de altura e massa, usando a gravidade como aliada.
Como funciona a torre de gravidade que mira o título de edifício mais alto do mundo
A lógica por trás da tecnologia é a mesma dos sistemas hidrelétricos reversíveis tradicionais: usar energia excedente para erguer algo pesado e, depois, usar a descida desse peso para gerar eletricidade. Em vez de apenas reservatórios em montanhas, o sistema imaginado pela Energy Vault, em parceria com o escritório de arquitetura SOM, leva esse princípio para dentro de uma torre.
A estrutura proposta tem formato cilíndrico, com proporção aproximada de 10 para 1 entre altura e largura. Em versões menores, fala-se em torres de cerca de 600 metros, mas o conceito mais ousado mira uma estrutura de 1 km de altura, capaz de disputar o título de edifício mais alto do mundo.
Dentro da torre, grandes massas são erguidas quando há sobra de energia renovável – como em períodos de forte sol ou vento intenso. Quando a rede precisa de eletricidade, essas massas descem sob controle, acionando motores-geradores que convertem a energia potencial gravitacional de volta em energia elétrica. Quanto maior a altura, mais energia pode ser armazenada com a mesma base de solo.
A forma cilíndrica ajuda na distribuição uniforme de esforços, como acontece com uma lata de refrigerante difícil de amassar de cima para baixo. Com isso, usa-se menos material estrutural para suportar grandes cargas e grandes alturas, o que é fundamental quando se fala em algo próximo do edifício mais alto do mundo.
Do deserto aos arranha-céus: onde essa torre faria mais sentido
Uma vantagem importante do armazenamento por gravidade em torre é a flexibilidade de localização. Diferente de grandes barragens, que exigem vales, rios e geografia específica, essa estrutura pode ser construída praticamente em qualquer lugar onde se construa um edifício alto.
Os projetistas imaginam dois cenários principais:
Em regiões remotas, essa torre poderia surgir ao lado de grandes fazendas solares ou parques eólicos, armazenando o excesso de energia gerado nas horas de pico e devolvendo à rede quando a produção cai.
Em áreas urbanas, a ideia é ainda mais ousada: integrar a torre ao tecido da cidade, fazendo dela um elemento do skyline, talvez combinando uso energético com funções imobiliárias, como centros de dados, escritórios ou até outros usos mistos.
Nesse contexto, o projeto deixa de ser apenas uma infraestrutura técnica e passa a ser um ícone urbano que resolve parte da crise energética, disputando a atenção e a altura com o atual edifício mais alto do mundo.
Construção em tempo recorde para um gigante de 1 km
Torre alta costuma significar obras lentas e complexas, mas a proposta é acelerar esse processo usando técnicas já consolidadas na construção de arranha-céus, como a forma deslizante.
Nesse método, o núcleo de concreto da torre é moldado continuamente, com a fôrma subindo cerca de 25 centímetros por hora, algo em torno de 6 metros por dia. Na prática, o eixo vertical de uma torre de algumas centenas de metros pode ser erguido em poucos meses, enquanto as áreas internas e sistemas inferiores são construídos em paralelo.
No caso de uma torre de 1 km que disputaria o posto de edifício mais alto do mundo, os engenheiros falam em prazos de 2 a 5 anos de construção, considerando toda a estrutura, sistemas de armazenamento, tubulações e geração. O custo estimado para um projeto extremo como esse é da ordem de mais de 1 bilhão de dólares, o que o coloca na mesma liga de megaempreendimentos globais.
Embora o sistema dependa de bombas, turbinas, geradores e tubulações, a “casca” principal da torre é feita de concreto e aço, materiais de alta durabilidade. Isso significa que a vida útil da estrutura pode se estender por muitas décadas, enquanto os componentes eletromecânicos são substituídos ao longo do tempo, como em qualquer usina.
1,7 GWh de energia: o que isso significa na prática
Os números chamam atenção. Em uma versão de 1 km, a capacidade de armazenamento da torre gravitacional passaria de 1,7 GWh. Isso não é apenas estatística:
- É energia suficiente para alimentar uma cidade de porte médio por horas.
- É capacidade para suprir grandes centros de IA, que consomem energia de forma intensa e contínua.
- É uma forma de deslocar energia renovável no tempo, armazenando durante o dia para liberar à noite, por exemplo.
Como a energia armazenada depende de massa e altura, aumentar a altura é o jeito mais eficiente de multiplicar o potencial da torre usando praticamente a mesma área de solo. Por isso, faz sentido econômico mirar algo próximo do edifício mais alto do mundo, principalmente em regiões onde o terreno é caro e a demanda por energia é altíssima.
Ao contrário de grandes bancos de baterias de lítio, uma torre gravitacional não sofre com autodescarga significativa e não perde capacidade simplesmente por ser usada com frequência. Isso torna o custo por unidade de energia entregue ao longo de décadas competitivo frente a outras tecnologias de armazenamento.
Desafios, riscos e o que falta para virar realidade
Apesar de todo o potencial, essa torre ainda é um projeto em busca de seu primeiro grande investidor e local definitivo.
A parceria entre a empresa de armazenamento e o escritório de arquitetura já está estabelecida, o conceito está detalhado, mas não há um contrato de obra assinado nem prazo fechado para erguer o possível edifício mais alto do mundo.
Há desafios importantes:
- Financiamento bilionário, em um cenário de competição entre várias tecnologias de armazenamento.
- Licenciamento e aceitação pública, principalmente se a torre for erguida em áreas urbanas.
- Integração com a rede elétrica e com projetos de energia renovável já existentes, para que a estrutura não vire apenas um monumento caro.
Mesmo assim, o conceito sinaliza uma direção clara: trazer a transição energética para dentro da própria paisagem construída, fazendo com que edifícios deixem de ser apenas consumidores para se tornarem também infraestrutura ativa de armazenamento e estabilidade da rede.
Se sair do papel, essa torre de 1 km pode inaugurar uma nova categoria de construção: o edifício mais alto do mundo que é, ao mesmo tempo, uma bateria gigante a serviço da IA, das cidades e da energia renovável.
E você, o que acha dessa ideia: faria sentido ver um “edifício-bateria” desse tamanho no horizonte da sua cidade ou você acha que outras soluções de energia deveriam ser prioridade?

