Com fila de análise do INSS chegando a 2,9 milhões de pedidos em outubro de 2025, o governo aposta no auxílio-doença do Atestmed com afastamento de até 60 dias sem perícia médica presencial para acelerar concessões e desafogar o sistema em todo o país, ainda em fase de implantação gradual
O INSS decidiu, em 2025, reforçar o uso do auxílio-doença do Atestmed como ferramenta central para enfrentar o acúmulo de pedidos em atraso. A nova regra, válida até abril de 2026, amplia de 30 para 60 dias o afastamento máximo concedido sem perícia médica presencial e faz parte de uma força-tarefa voltada a cortar a fila de análise do INSS, hoje uma das maiores pressões sobre a Previdência Social.
A mudança foi desenhada para acelerar decisões em afastamentos temporários, considerados de menor complexidade, e liberar médicos peritos para casos mais graves e revisões presenciais. Ao dobrar o prazo do auxílio-doença do Atestmed, o governo busca uma combinação de simplificação administrativa, uso intensivo de análise digital de atestados e foco na redução da fila de análise do INSS que alcançava cerca de 2,9 milhões de segurados aguardando resposta em outubro de 2025.
O que muda no auxílio-doença do Atestmed até abril de 2026
Na regra temporária anunciada, o auxílio-doença do Atestmed passa a permitir afastamentos de até 60 dias com base apenas na análise digital do atestado médico enviado pela internet. Nesse modelo, o segurado não precisa agendar perícia médica presencial nem comparecer a uma agência do INSS para ter o benefício por incapacidade temporária concedido.
A medida vale até abril de 2026. Passado esse período, se não houver nova prorrogação ou alteração legal, volta a vigorar o limite anterior de 30 dias. Ou seja, trata-se de uma flexibilização com data marcada, pensada para aliviar a pressão imediata sobre a fila de análise do INSS sem abandonar o modelo de controle por perícia médica para afastamentos mais longos ou complexos.
Na prática, o auxílio-doença do Atestmed funciona como uma porta de entrada rápida para afastamentos curtos, permitindo que casos bem documentados sejam resolvidos com menos burocracia. A exigência de qualidade e autenticidade dos laudos médicos permanece, mas o filtro se desloca da presença física do segurado para a robustez do documento apresentado.
Histórico recente das mudanças no Atestmed
A ampliação para 60 dias não surgiu no vazio. Nos últimos dois anos, o INSS vem alternando prazos do Atestmed em uma tentativa de calibrar agilidade e controle.
Em um primeiro momento, até junho deste ano, o segurado podia obter até 180 dias de afastamento usando apenas o Atestmed. A seguir, uma medida provisória ligada ao aumento do IOF derrubou o limite para 30 dias, reduzindo a duração máxima do auxílio-doença do Atestmed sem perícia médica presencial.
Posteriormente, o prazo foi ampliado para 120 dias, em nova tentativa de aliviar a fila de análise do INSS. Em seguida, a lei nº 15.265 voltou a restringir o prazo a 30 dias e estabeleceu esse teto como regra definitiva, até que a atual força-tarefa restabelecesse o patamar intermediário de 60 dias. O movimento mostra um ajuste fino constante, em que o INSS testa diferentes janelas de afastamento digital para equilibrar risco de fraude, segurança jurídica e velocidade de concessão.
Fila de análise do INSS e pressão sobre a perícia médica
Em outubro de 2025, a fila de análise do INSS chegou a aproximadamente 2,9 milhões de segurados aguardando resposta. Desse total, cerca de 1,2 milhão dependia de perícia médica inicial e outros pedidos estavam vinculados a revisões ou complementações documentais. Somando os casos que exigiam revisão pericial, o volume alcançava 1,6 milhão de pessoas.
Essa combinação de demanda elevada e capacidade limitada de perícia médica presencial se tornou um gargalo estrutural. Ao reforçar o auxílio-doença do Atestmed, o INSS sinaliza que parte dos casos pode ser resolvida de forma remota, desde que o atestado esteja bem preenchido, com CID, período de afastamento e assinatura profissional adequados.
A estratégia é clara: deslocar para o ambiente digital o que for possível resolver com documentação médica objetiva e reservar a força de trabalho pericial para os processos que exigem exame clínico, avaliação mais detalhada ou apresentam sinais de inconsistência. A redução da fila de análise do INSS depende diretamente dessa redistribuição de tarefas entre o sistema eletrônico e a perícia médica presencial.
Quem pode receber o auxílio-doença do Atestmed
O auxílio-doença do Atestmed, tecnicamente classificado como benefício por incapacidade temporária, é destinado ao trabalhador segurado do INSS que fica impossibilitado de exercer suas atividades por doença ou acidente por período superior a 15 dias.
Para ter direito, o segurado precisa:
- cumprir a carência mínima exigida pela Previdência, quando aplicável
- comprovar, por meio de atestado, a incapacidade temporária para o trabalho
- manter a qualidade de segurado no INSS
No modelo digital, o segurado envia o atestado pela plataforma oficial, sem necessidade de agendar perícia médica inicial. A análise do documento é feita pelo sistema e pelos servidores responsáveis, dentro da lógica do auxílio-doença do Atestmed. Se o afastamento ultrapassar os 60 dias definidos pela regra temporária, a tendência é que o processo passe a exigir perícia médica presencial, recolocando o caso na parte mais sensível da fila de análise do INSS.
Impacto financeiro para o segurado e para o sistema
O valor do auxílio-doença continua seguindo a regra geral da Previdência. O benefício corresponde a 91 por cento da média de 100 por cento dos salários de contribuição desde julho de 1994, respeitando os limites vigentes do regime geral.
Em 2025, o pagamento do auxílio-doença não pode ser inferior ao salário mínimo, de 1.518 reais, nem superior ao teto do INSS, hoje em 8.157,41 reais. Dentro desse intervalo, o auxílio-doença do Atestmed garante uma renda temporária enquanto o segurado se afasta do trabalho, evitando queda brusca na capacidade de pagamento de contas e tentando reduzir o risco de endividamento.
Do ponto de vista fiscal, a ampliação para 60 dias sem perícia médica presencial tende a acelerar desembolsos, mas também reduz custos administrativos associados a agendamentos, deslocamentos e estrutura física de atendimento. O sucesso da medida dependerá da capacidade do INSS de filtrar atestados inconsistentes e de impedir que o uso intensivo do auxílio-doença do Atestmed crie uma nova camada de pressão sobre o orçamento previdenciário.
Força-tarefa do INSS e o desafio até 2026
A força-tarefa anunciada pelo INSS combina três frentes: revisão das regras do auxílio-doença do Atestmed, redistribuição da agenda de perícia médica e priorização da redução da fila de análise do INSS. A meta implícita é evitar que a espera por resposta se prolongue por meses, situação que compromete a credibilidade do sistema e a proteção de quem já está sem renda.
Até abril de 2026, o órgão terá de demonstrar se a ampliação para 60 dias produz, de fato, um encurtamento da fila de análise do INSS ou apenas desloca a pressão para outros tipos de benefício e revisões. O resultado dessa experiência pode determinar se o modelo será prorrogado, ajustado ou revertido ao limite anterior.
Para o segurado, o recado é direto: acompanhar com atenção as regras do auxílio-doença do Atestmed, conferir se o atestado médico atende às exigências formais e monitorar o andamento do pedido pelos canais oficiais, evitando intermediários e promessas de facilitação. Em um cenário de fila longa e recursos limitados, informação precisa é parte essencial da proteção social.
Diante desse novo desenho, você acha que ampliar o auxílio-doença do Atestmed para 60 dias sem perícia médica presencial é uma solução eficaz para reduzir a fila de análise do INSS ou apenas um alívio temporário que transfere o problema para depois?


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