Casas brancas, montanhas dramáticas e o sol que nasce duas vezes fazem de Rimetea um refúgio de paisagens de sonho, tradição viva, artesãos locais e sabores da Transilvânia.
Em Rimetea, pequena vila escondida entre vales e penhascos na Transilvânia, o sol que nasce duas vezes transforma as manhãs de verão em um espetáculo que parece saído de uma lenda. Nas manhãs de julho, o sol primeiro aparece sobre o vale, desaparece por trás das paredes de pedra e, pouco depois, surge de novo, inundando os telhados com uma luz dourada que faz tudo parecer irreal.
Ao mesmo tempo, Rimetea é aquele lugar onde o tempo abranda, as ruas são silenciosas, as flores ocupam janelas e varandas e a vida segue em outro ritmo. Casas históricas preservadas, montanhas impressionantes, artesãos, pousadas aconchegantes e comida típica fazem da vila muito mais do que um cenário bonito. É o tipo de destino em que você sente que entrou em um mundo que o tempo quase esqueceu.
Arquitetura de cartão postal e a vila mais bonita da Transilvânia
Rimetea é apresentada muitas vezes como a vila mais bonita de toda a Transilvânia, e quando você entra no vale entende por quê. Aninhada entre montanhas dramáticas e casas centenárias, ela parece um cenário cuidadosamente montado, mas tudo ali é real. Andar pela rua principal é como caminhar dentro de um cartão postal vivo, com as montanhas fechando o horizonte e as fachadas alinhadas lado a lado.
É neste cenário que muita gente vai especialmente para ver o sol que nasce duas vezes, já que a posição da vila em relação aos penhascos cria esse fenômeno raro. Entre uma manhã mágica e outra, o que não falta é detalhe para ser observado, da pedra das fundações ao verde das janelas.
Casas brancas, flores vivas e história preservada
As casas tradicionais de Rimetea são um capítulo à parte. Elas são pintadas de branco, com persianas de madeira verde e fundações de pedra grossa. Cada porta parece guardar uma história, decorada com flores, tapetes, portões antigos ou pequenos detalhes coloridos. Muitas fachadas estão literalmente cobertas de vasos e cestas floridas, e as paredes parecem vivas de tantas flores.
Nada disso se manteve por acaso. A partir de 1996, o Transylvania Trust lançou um grande programa de conservação. Mais de 138 casas antigas foram restauradas com materiais e técnicas tradicionais, o que rendeu a Rimetea a medalha Europa Nostra em 1999, um dos principais reconhecimentos europeus em preservação de patrimônio.
As famílias locais conseguiram preservar o charme antigo, mas com conforto suficiente para a vida de hoje, e isso se percebe em cada detalhe da vila.
Sabores da Transilvânia em restaurantes simples e cheios de alma
Em Rimetea, a gastronomia combina simplicidade e tradição. Há pequenos restaurantes que parecem mais a sala de jantar da casa de alguém do que um negócio formal. O menu é direto, sem grandes produções gráficas, mas cada prato entrega o que importa. É o tipo de lugar em que você sente que a comida foi feita com carinho e tempo, não com pressa.
Além das refeições quentes, você encontra prateleiras com guloseimas caseiras como potes de geleia, conservas e a famosa zacusca, uma pasta tradicional feita com vegetais assados, com sabor defumado e rico. Em outros pontos da região, como na Mansão Székelykő em Colțești, a experiência vai além da refeição.
Pratos como sarmale, servidos com creme azedo e carne de porco defumada, limonada caseira e donuts de queijo de coalhada com geleia de mirtilo se transformam nas verdadeiras estrelas do lugar, tudo com vista para montanhas e vales.
Cafés, artesãos e a vida cotidiana na vila
Entre uma caminhada e outra, é fácil se deixar atrair por um café aconchegante. Mesas simples, algo refrescante no copo, uma sobremesa feita em casa e cestas de flores penduradas criam uma atmosfera que convida a ficar. Você não sente apenas que está viajando, sente que poderia morar ali por um tempo, ouvindo a movimentação calma da rua.
Em pequenas lojas, Rimetea revela outro tesouro: os artesãos. Cobertores de lã pensados para os invernos de montanha, cestos de salgueiro resistentes e leves, tecidos bordados que contam histórias em padrões coloridos.
Comprar ali não é só levar uma lembrança, é apoiar habilidades transmitidas por gerações. Para muita gente, as imagens da vila lembram visitas à casa dos avós no campo e ativam memórias afetivas que pareciam adormecidas.
Feriados, tradição e energia diferente nas ruas
Em dias comuns, Rimetea é um lugar silencioso, quase suspenso no tempo. Já em feriados, como o Dia de Santa Maria na Romênia, a vila muda de ritmo. Mais gente ocupa as ruas, famílias passeiam, visitantes lotam os restaurantes e tiram fotos das casas brancas com as montanhas ao fundo.
Em algumas cenas, você vê até parapentes sobrevoando a região, carros enfileirados e um senhor vendendo ameixas e o tradicional conhaque de ameixa, a pălincă. Mesmo nesses dias mais cheios, a sensação é de festa de interior, não de turismo em massa, e isso reforça a ideia de que a vila continua sendo sobretudo um lugar vivido pelos moradores, não apenas um cenário para visitantes.
Montanhas, trilhas e o sol que nasce duas vezes
Olhar para cima em Rimetea é inevitável. A montanha Piatra Secuiului domina a paisagem e, segundo os moradores, guarda a vila. Caminhar até o topo leva cerca de duas horas, mas a vista compensa. De lá de cima, os campos parecem uma colcha colorida, e Rimetea surge minúscula lá embaixo, encaixada entre as encostas.
É entre essas montanhas e penhascos que acontece a magia do sol que nasce duas vezes. Nas manhãs de julho, o sol aparece por cima do vale, é rapidamente escondido pelas paredes de pedra e, pouco depois, volta a surgir, como se estivesse recomeçando o dia.
Os telhados enchem-se de luz dourada e tudo ganha um brilho diferente. Mais tarde, o pôr do sol também parece antecipado, já que as colinas altas encobrem a luz antes do horário esperado. Quem vê o sol que nasce duas vezes em Rimetea entende por que tanta gente cruza o mundo para testemunhar esse momento.
Mosteiro, fé e pequenos detalhes que marcam
A espiritualidade também faz parte da experiência em Rimetea. O mosteiro da vila impressiona logo de fora, com suas paredes brancas, detalhes dourados e cúpulas elegantes apontando para o céu. Mesmo sem ver cada detalhe interno, só a fachada já deixa uma forte impressão.
No caminho, pequenos detalhes reforçam a sensação de encanto. Uma rosa de duas cores que parece pintada à mão, um cachorro fazendo seu papel de guardião, crianças andando de bicicleta, um riacho cortando a paisagem com o som suave da água. Caminhar pela vila passa a sensação de que o estresse fica para trás a cada passo, como se o lugar empurrasse a mente para um estado mais leve.
Pousadas de conto de fadas e café da manhã caseiro
Para quem decide passar a noite, as pousadas de Rimetea são parte essencial da experiência. Muitos quartos ficam em antigas casas de pedra com paredes grossas e móveis tradicionais. Tapetes tecidos à mão cobrem o chão e camas de madeira rangem com história. Os preços variam conforme a época, geralmente entre 40 e 100 euros por noite, e o café da manhã costuma trazer geleia caseira, leite fresco e pão saindo do forno.
Algumas pousadas, como a Király em Rimetea, se destacam pela vista. Você acorda com as montanhas Székelykő e Trascău diante da janela, toma café da manhã ao ar livre e sente que está em um cenário de cinema. As pousadas parecem casas de conto de fadas, cercadas por campos verdes, canto de pássaros e o som de crianças brincando, enquanto, ao fundo, a vida da vila segue em um ritmo calmo. Em alguns momentos, dá até para ouvir música folclórica húngara no ar.
Fortalezas, castelos e paisagens de cinema
A curta distância de Rimetea, a Fortaleza Colțești, também conhecida como Fortaleza Trascău, adiciona um toque medieval à viagem. A construção teve origem por volta de 1296, ligada à família Thoroczkay, ficou no alto de uma crista de calcário e, ao longo dos séculos, foi destruída, reconstruída, abandonada e agora passa por restauração. Vistas de cima revelam torres em ruínas, andaimes e penhascos íngremes, em uma mistura de história e paisagem dramática.
Outro ponto marcante é o Castelul Templul Cavalerilor, que visto de cima parece uma fortaleza saída de um livro de histórias, com telhados vermelhos recortados contra o verde intenso das montanhas Apuseni. Em meio a tudo isso, um conversível vintage estacionado em uma rua ou perto de uma vista reforça a sensação de que cada ângulo da região foi pensado para uma cena de filme. É o tipo de lugar onde você tira uma foto qualquer e ela já parece capa de revista.
Como chegar, quem vive ali e por que Rimetea fica na memória
Chegar a Rimetea é relativamente simples. De Cluj-Napoca, a viagem leva cerca de uma hora a uma hora e meia de carro, e a cidade também é o ponto com o aeroporto mais próximo.
A vila é pequena, com cerca de mil moradores. A maioria é húngara e chama o lugar pelo nome tradicional, Torockó. Por séculos, a economia local girou em torno da mineração e da forja de ferro.
Hoje, os moradores recebem visitantes, vendem artesanato e compartilham suas tradições com quem passa pelas ruas.
A vida ali corre devagar. As pessoas se conhecem, se cumprimentam com um sorriso, as crianças brincam de bicicleta e os jardins se misturam à paisagem de montanha.
No fim das contas, Rimetea mostra que uma vida simples pode ser também a mais rica, especialmente quando você está em um lugar onde o silêncio, o ar puro e a sensação de comunidade ainda existem.
Para muitos viajantes, o que fica na memória não é apenas a beleza das casas brancas ou o sabor da comida típica, mas a experiência de estar em um lugar onde o relógio parece menos importante. Ver o sol que nasce duas vezes, caminhar entre flores e pedra, ouvir a água do riacho e terminar o dia olhando as montanhas mudar de cor é o tipo de lembrança que acompanha a pessoa por anos.
E você, se tivesse a chance de visitar Rimetea, acordaria cedo para ver o sol que nasce duas vezes ou preferiria apenas se perder pelas ruas da vila e deixar o tempo passar sem olhar o relógio?

