Para fugir da radiação e das temperaturas extremas, plano chinês envolve robôs pedreiros, impressão 3D com solo lunar e energia de reatores nucleares russos.
Enquanto você lê este texto, a China já executa as primeiras etapas de um projeto monumental a 400.000 km da Terra. Não se trata apenas de visitar a Lua novamente, mas de construir o primeiro posto avançado permanente da humanidade fora do nosso planeta.
O plano ambicioso começa com robôs pedreiros operando na superfície lunar, mas a visão de longo prazo vai muito além: envolve imprimir casas usando o próprio solo da Lua e até mesmo criar cidades inteiras no subsolo, protegidas por usinas nucleares.
A Lua é um ambiente brutal, um verdadeiro “inferno celestial” sem atmosfera, onde as temperaturas oscilam de 120ºC durante o dia a -130ºC à noite. Além disso, a radiação cósmica e a chuva de meteoritos tornam a sobrevivência humana na superfície um desafio de engenharia quase impossível.
É por isso que a estratégia chinesa mudou: em vez de enviar astronautas para montar acampamento, primeiro enviam-se as máquinas para preparar o terreno.
Tijolos de solo lunar e impressão 3D
Construir na Lua trazendo materiais da Terra é inviável financeiramente. A solução da China é a utilização de recursos in situ, ou seja, usar o que já existe lá. A futura missão Chang’e 8, prevista para 2028, testará uma tecnologia revolucionária: transformar o regolito (solo lunar) em tijolos.
O processo envolve robôs autônomos que coletam o solo, colocam em moldes e “cozinham” os blocos em fornos de alta temperatura.
Imagine robôs pedreiros empilhando esses tijolos para criar estruturas de proteção contra a radiação. No entanto, como tijolos retangulares são ruins para segurar a pressão interna necessária para a vida humana, a China também desenvolve o conceito de “Moon Pot Vessel”.
Trata-se de uma impressora 3D gigante que usa o solo misturado a um adesivo especial para imprimir habitats arredondados, camada por camada, com um design que imita a casca de um ovo para resistir à pressão e aos “lunamotos” (terremotos lunares).
Energia nuclear e cidades subterrâneas
Nenhuma colônia funciona sem energia, e painéis solares são insuficientes para as noites lunares que duram 14 dias terrestres. A solução encontrada pela parceria estratégica entre China e Rússia é a construção de uma usina nuclear na Lua.
A Rússia, líder em tecnologia nuclear, fornecerá o know-how para os reatores, que se beneficiam do ambiente lunar: o resfriamento é fácil na sombra das crateras e o lixo radioativo é irrelevante em um local já bombardeado por radiação cósmica.
Com energia garantida, o plano entra na fase mais ousada: ir para o subsolo. A Lua possui tubos de lava gigantescos, cavernas naturais formadas por atividade vulcânica antiga, que oferecem proteção instantânea e temperatura estável.
A missão Chang’e 7, em 2026, levará radares para caçar essas cavernas no polo sul lunar. Se o local ideal for encontrado, a primeira cidade humana não será uma cúpula de vidro, mas um complexo subterrâneo de alta tecnologia construído antes mesmo da chegada dos primeiros humanos, prevista para a década de 2030.
Você teria coragem de morar em uma cidade subterrânea na Lua alimentada por uma usina nuclear?

