Consumidores processam a Netflix por compra da Warner, com impacto sobre HBO Max, Trump promete intervir e a concorrência está em jogo.Consumidores processam a Netflix por compra da Warner, com impacto sobre HBO Max, Trump promete intervir e a concorrência está em jogo.

Ação coletiva em tribunal da Califórnia acusa a Netflix de tentar eliminar o HBO Max como rival direto, concentrar franquias da Warner em um único gigante global do streaming e pressionar ainda mais preços, enquanto Trump promete intervir pessoalmente na análise antitruste do acordo bilionário no setor de mídia americano.

Consumidores norte-americanos entraram com uma ação coletiva no Tribunal Distrital do Norte da Califórnia para tentar impedir que a Netflix compre o estúdio e a operação de streaming da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões. Segundo o processo, a transação reduziria a competição no mercado de vídeo sob demanda por assinatura nos Estados Unidos, hoje disputado por plataformas como HBO Max.

A ação veio a público, quando o caso ganhou repercussão nacional e passou a ser acompanhado também pelo mundo político em Washington. No domingo anterior, 6.dez.2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já havia declarado que pretende se envolver na análise do acordo, sinalizando que a decisão sobre o futuro da Warner Bros. Discovery e da Netflix terá forte componente antitruste e político.

Concorrência em risco e medo de preços ainda mais altos

No centro do processo, os consumidores afirmam que a operação daria à Netflix poder sem precedentes sobre o mercado de streaming por assinatura. A ação sustenta que a compra da Warner retiraria o HBO Max do páreo como concorrente direto e deixaria o público com menos opções relevantes de assinatura.

O texto protocolado no tribunal destaca que a Netflix já demonstrou, ao longo dos últimos anos, disposição para reajustar mensalidades mesmo enfrentando concorrência de gigantes como a HBO. Para os autores, se a plataforma controlar o acervo da Warner e ganhar escala ainda maior, ficará mais fácil aumentar preços e impor condições menos favoráveis aos assinantes.

Franquias Harry Potter, DC e Game of Thrones sob a mira do processo

Outro ponto sensível citado na ação coletiva é o controle de grandes marcas do entretenimento. Ao assumir a Warner Bros. Discovery, a Netflix passaria a concentrar franquias de enorme apelo global, como Harry Potter, DC Comics e Game of Thrones.

Os consumidores argumentam que essas marcas são estratégicas para atrair e reter assinantes, principalmente em pacotes familiares. Se todas estiverem sob o guarda-chuva da Netflix, concorrentes teriam mais dificuldade para montar catálogos capazes de rivalizar com a plataforma, o que, na visão dos autores, agravaria o risco de concentração de mercado.

Oferta bilionária da Paramount Skydance aumenta a disputa

O processo contra a Netflix foi apresentado no mesmo dia em que a Paramount Skydance formalizou uma oferta pela Warner Bros. Discovery avaliada em US$ 108,4 bilhões, valor significativamente superior ao negócio proposto pela plataforma de streaming. A proposta alternativa é citada na ação como um sinal de que existem outros compradores interessados, o que poderia evitar que a Warner ficasse nas mãos de um único líder do streaming por assinatura.

Para os autores, o fato de haver uma oferta maior reforça o argumento de que o mercado não está obrigado a aceitar a operação nos termos da Netflix. O documento sugere que reguladores e tribunais deveriam considerar cenários alternativos antes de permitir que a empresa avance sobre o catálogo e as marcas da Warner.

Pressão de congressistas e foco nas leis antitruste dos EUA

Paralelamente à ação coletiva dos consumidores, congressistas norte-americanos também passaram a questionar publicamente a aquisição da Warner pela Netflix. O negócio ainda terá de passar por uma análise detalhada com base nas leis antitruste dos Estados Unidos, processo que costuma avaliar risco de monopólio, impacto em preços e efeitos sobre a inovação no setor.

Segundo a ação, permitir que a Netflix absorva a Warner e o HBO Max poderia criar uma concentração de poder incompatível com o espírito da legislação antitruste americana, especialmente em um mercado que já passa por consolidações e fechamentos de serviços menores. A pressão política aumenta a chance de uma análise rigorosa por parte das autoridades regulatórias.

Trump promete se envolver na decisão sobre o acordo

O tema ganhou ainda mais visibilidade após declaração do presidente Donald Trump, em 6.dez.2025. Em fala pública, ele afirmou que pretende participar ativamente da análise da compra da Warner pela Netflix, dizendo: “Estarei envolvido nessa decisão”.

Para analistas ouvidos pela imprensa e citados indiretamente na ação, a intervenção direta de Trump pode transformar a disputa em um caso emblemático de política antitruste no setor de tecnologia e mídia. A possibilidade de o presidente influenciar o desfecho aumenta tanto a incerteza para o mercado quanto o interesse de grupos de consumidores e de concorrentes na tramitação do caso.

Resposta da Netflix e próximos passos do processo

Em comunicado, a Netflix reagiu à ação coletiva classificando o processo como infundado. A empresa afirmou que a iniciativa seria apenas uma tentativa dos advogados dos autores de aproveitar a grande atenção em torno do acordo com a Warner Bros. Discovery. A plataforma insiste que a compra é legal, benéfica para o mercado e que respeita as normas de concorrência vigentes nos Estados Unidos.

A ação coletiva ainda está em fase inicial no Tribunal Distrital do Norte da Califórnia. A partir de agora, o caso deve avançar com prazos para manifestação da defesa da Netflix, possíveis audiências e, em paralelo, com a análise regulatória nas instâncias antitruste responsáveis. Enquanto isso, a Warner segue no centro de uma disputa bilionária que inclui, além da Netflix, a oferta rival da Paramount Skydance.

E você, acha que a Netflix deveria ser impedida de comprar a Warner para preservar a concorrência no streaming ou que o acordo bilionário deve ser aprovado pelas autoridades americanas?

Autor

  • Maria Heloisa

    Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *